Expedição para coletas de plantas em parceria com pesquisadores do Centro Nacional de Conservação da Flora (Jardim Botânico do Rio de Janeiro) – Thalys Lima à esquerda, Eduardo Fernandez à direita e Mestrando Lucas Nogueira no centro (foto: arquivo pessoal)

Contribuir para o conhecimento da flora e da ecologia dos chamados campos de altitude foi o que motivou Lucas Nogueira Gonçalves a desenvolver sua dissertação no Programa de Pós-graduação em Ecologia (PPGECOL), da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). O trabalho se concentrou em uma região montanhosa, da Serra da Mantiqueira, entre os estados de Minas Gerais e São Paulo, denominada Maciço Marins-Itaguaré.

Segundo Lucas, campos de altitude são definidos como um ecossistema associado à Mata Atlântica que possui vegetação rasteira, arbustos e arvoretas baixas. O acadêmico explica que o estudo dividiu-se em duas etapas. A primeira com o objetivo de conhecer a flora dos campos de altitude do Maciço e verificar se existia alguma conformidade com outras áreas de vegetação parecida e qual seria esse “grau” de semelhança. Foram encontradas 240 espécies de angiospermas (plantas que possuem flor e fruto). “Dessas, 22 espécies tiveram suas ocorrências confirmadas para o estado de São Paulo e 16 para Minas Gerais, ou seja, não se sabia até então que essas espécies existiam nesses estados. Além disso, foram encontradas 16 espécies ameaçadas de extinção.” De acordo com o pesquisador, as análises de similaridade mostraram que os campos de altitude do Maciço Marins-Itaguaré se assemelham aos campos mais próximos (Serra Fina e Itatiaia).

Na segunda fase do trabalho, Lucas buscou entender se as diferentes espécies tinham alguma “preferência” por determinadas altitudes. “Realizamos expedições de campo para coletar plantas férteis, que estavam floridas e/ou com frutos. A época do ano em que as plantas florescem pode variar de espécie para espécie, por isso essas expedições devem ser feitas durante todos os meses de, no mínimo, um ano. Eu comecei minhas coletas no local em 2013, antes ainda de iniciar o Mestrado.”

Medição da cobertura vegetal dentro das parcelas amostrais (foto: arquivo pessoal)

O acadêmico revela que as plantas coletadas foram depositadas nos herbários da UFJF (Herbário CESJ) e do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (Herbário RB). A análise da segunda etapa mostrou que existe uma diferença na composição e estrutura da vegetação entre três níveis de altitude (mais baixo, médio e mais alto). “Foi encontrada maior riqueza de espécies nas altitudes médias em comparação com as altitudes mais baixas e mais altas estudadas.” Além disso, foi possível perceber que algumas espécies ameaçadas possuem preferência por determinadas altitudes.

O professor orientador, Luiz Menini Neto, ressalta a importância do estudo  por contribuir para conservação de áreas ambientais como as trabalhadas na dissertação. “Esta região é biologicamente muito rica e representa um ecossistema extremamente frágil. Esta fragilidade ambiental se torna ainda mais preocupante, pois é uma região amplamente visada por praticantes de montanhismo, corrida de aventura, turismo ecológico, etc., mas sem nenhuma unidade de conservação que a proteja. Estudos deste tipo são os responsáveis por inventariar a biota e, consequentemente, prover subsídios para que áreas sejam incluídas em unidades de conservação, importantes para a manutenção dos ambientes naturais.”

Contatos:
Lucas Nogueira Golçalves (mestrando)
lucas_biologist@mail.com

Luiz Menini Neto (orientador – UFJF)
menini.neto@gmail.com

Banca examinadora:
Prof. Dr. Luiz Menini Neto (orientador – UFJF)
Prof. Dra. Fátima Regina Gonçalves Salimena (UFJF)
Prof. Dr. Ruy José Válka Alves (UFRJ)

Outras Informações: (32) 2102-3227 – Programa de Pós-graduação em Ecologia (PPGECOL)