Assistente de direção de Malhação, Alexia Maltner, e diretor de Meu Pedacinho de Chão, Henrique Sauer, ambos da TV Globo, participaram de mesa redonda na Faculdade de Comunicação (Foto: Alice Coêlho/UFJF)

A partir das reflexões a respeito do papel desempenhado pelo espectador ao consumir um produto audiovisual, a assistente de direção de “Malhação – Viva A Diferença” (TV Globo), Alexia Maltner, e o diretor de “Meu pedacinho de chão” (TV Globo), Henrique Sauer, abordaram, nesta segunda, as estratégias de direção e transmídia em telenovela, em uma das mesas redondas do III Simpósio de Literacia Midiática, realizado na Faculdade de Comunicação da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

Os profissionais apresentaram as produções transmídias como formas de transformação na forma de consumo de televisão. Ou seja, o telespectador da televisão tradicional passa a ser o telespectador-internauta. Essa mudança gera uma oportunidade de interação entre o público e a produção audiovisual, a partir da diversificação das formas de consumo, como a criação de jogos com os personagens, realidades virtuais que possibilitem a escolha de desfechos ou os comentários em redes sociais.

Confira com Alexia Maltner o que é uma narrativa transmídia: 

 

Alexia Maltner narrou como a personagem de Malhação, Tina, teve desdobramentos transmídias a partir do reaproveitamento de cenários, da produção e do elenco, para a criação do clipe da personagem no Japão. De acordo com Alexia Maltner, a equipe de transmídia cria projetos voltados às redes sociais e aos fãs, como produtos que visam complementar e desenvolver a narrativa e o contato com o público.

No entanto, embora não surja de uma necessidade mercadológica, ela destaca que a criação do roteiro já deve ser escrita de uma forma diferente, e o personagem deve ser construído com formas a criar a possibilidade de utilizar realidades transmídia, possibilitando um retorno financeiro para a própria empresa. “No momento em que os projetos começarem em suas vertentes a ter esses caminhos que interagem com o público, passará a ter um olhar mais mercadológico”

Nova forma de consumo
Henrique Sauer observa que pensar a produção transmídia como escolha é uma iniciativa ultrapassada, uma vez que a televisão, os celulares, os tablets e outros dispositivos são todos opções de tela, e o telespectador consome o conteúdo como preferir. “O transmídia é só uma nova maneira de consumir conteúdo, então tende a se espelhar por tudo. Você já não sabe mais para onde foi feito, qual o público específico, é tudo para tudo. O que a gente chama hoje de transmídia é uma nova forma de se consumir.”

Sauer fala sobre como as interações humanas se desenvolvem de forma transmídia: 

 

“A ficção audiovisual se mostrou presente em vários projetos de pesquisa que estamos desenvolvendo. Então, a ideia que tem sido a base teórica das discussões, é uma tentativa de pensar quais são as qualidades que encontramos nas ficções audiovisuais e como essas qualidades podem ser colocadas em diálogo com a Literacia midiádica. Ou seja, podem ser colocadas em diálogo com o papel do espectador que, hoje, já não é mais só espectador, mas interage com o conteúdo audiovisual de diferentes formas, principalmente nas redes sociais”, ressalta a organizadora do Simpósio, Gabriela Borges.

Ela acrescenta que o evento buscou pensar o papel do expectador-interator e em quais as competências que movem sua interação na internet, visando compreender os grupos de fãs encontrados em Malhação, por exemplo, e suas competências cognitivas, estáticas e linguísticas específicas. Segundo Gabriela, a discussão visou apresentar o olhar dos profissionais para os estudantes de Rádio, TV e Internet, e Jornalismo.