O pesquisador Eduardo Magrone relacionou as informações obtidas em sua pesquisa com a realidade dos estudantes (Foto: Alexandre Dornelas)

Quando pensamos em um cientista, imaginamos quase instintivamente um físico, um químico ou um biólogo vestindo seu jaleco branco e fazendo experimentos em seu laboratório. Para desmitificar esta ideia tradicional e mostrar que a ciência vai muito além dos laboratórios, o professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Eduardo Magrone, conversou com os alunos do 2º e 3º ano do Colégio dos Santos Anjos nesta segunda-feira, 10.

Reunidos ao redor do professor no auditório da escola, os estudantes refletiram acerca de algumas das principais questões levantadas por Magrone, que questionou como é construído o conhecimento das escolas e como o ensino é compreendido e administrado. Além de discorrer sobre a importância da educação e da necessidade de autocrítica do sistema educacional, o pesquisador compartilhou informações contatadas por meio da aplicação da sociologia na educação, sua principal linha de pesquisa.

Magrone apresentou alguns dos principais conceitos que formula em seus estudos, como o clima e o rendimento escolar. O interesse e a curiosidade pelo trabalho desenvolvido pelo pesquisador pareciam aumentar ao ritmo em que os estudantes se inteiravam dos reflexos diretos da linha da pesquisa de Magrone na realidade em que vivem. Através de infográficos, o professor apresentou os resultados e as maneiras mais eficientes de colher respostas através dos métodos científicos desenvolvidos pelos pesquisadores do campo da Ciência Social. Magrone alertou ainda que a produção desse material é fundamental para formular e agregar novos valores de conhecimento científico na sociedade – o que, segundo ele, deve ser uma prática constante.

“O caminho da ciência não é perfeito; é preciso desconstruir essa ideia de que ela é algo estável e imutável. A ciência se caracteriza por relativizar a noção de verdade. Ao longo do tempo, outras descobertas e outros métodos vão acrescentando conhecimentos ou ocupando lugares de conhecimento outrora tidos como cientificamente validados”, explica o professor.

O bate-papo entre pesquisadores do centro acadêmico e os estudantes da educação de base é uma iniciativa do projeto A Ciência que Fazemos. Um dos principais objetivos do projeto é justamente compartilhar as pesquisas que são desenvolvidas dentro da Universidade com os jovens das escolas da região. Ao final da apresentação, o aluno Tiago Motta compartilhou sua opinião. “Acho sociologia uma área muito interessante. É um ramo muito diferente das Ciências Exatas, por exemplo. A ciência da sociologia também trabalha com dados, mas tem esse fator da incerteza que existe quando você está trabalhando com o comportamento humano. Acho que a palestra foi interessante nesse aspecto: mostrar como é o processo de estudo para a pesquisa e como está a situação do ensino dos colégios do Brasil. Isso mudou a minha perspectiva com relação à pesquisa nessa área.”