“Carriço Film – Tudo vê, tudo sabe, tudo informa”, estreia nesta sexta, 24, na Galeria Espaço Reitoria

A Pró-reitoria de Cultura da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em parceria com a Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage (Funalfa) e com a Fundação Museu Mariano Procópio (Mapro), inaugura a mostra “Carriço Film – Tudo vê, tudo sabe, tudo informa”, nesta sexta-feira, 24, na Galeria Espaço Reitoria, no Campus, onde permanece em cartaz até 28 de junho. A exposição, que é um tributo ao cineasta e documentarista, também comemora o aniversário da cidade, integrando a programação do projeto “Corredor Cultural”.  

No total, são 35 reproduções fotográficas representativas da vida e da obra do pioneiro João Gonçalves Carriço, que fez história ao extrapolar as fronteiras locais com seus filmes e seus cinejornais, focando desde momentos prosaicos como o carnaval da Rua Halfeld, até a vinda à cidade do então presidente da República, Getúlio Vargas, mostrando, inclusive, sua visita à Fazenda São Mateus, em que posa ao lado de Maria Luisa, a matriarca da Família Tostes.

Algumas das fotos expostas integram o acervo da Mapro e outras pertencem à família Carriço

Entre as fotos reunidas para esta exposição, 23 integram o acervo da Mapro e outras 12 pertencem à família Carriço. As reproduções foram realizadas pelo jornalista e repórter fotográfico Humberto Nicoline, em 2009, por ocasião do cinquentenário de morte do cinegrafista. A exposição “Carriço Film – Tudo vê, tudo sabe, tudo informa” integra as ações programadas para as comemorações dos 169 anos de fundação da cidade.

Ambientadas principalmente nas décadas de 1940 e 1950, as fotografias abordam desde cenas da empresa de carruagens do pai até trabalhos cinematográficos desenvolvidos em campo. Mas há outras preciosidades, como a imagem do casamento de Carriço e Dona Santinha; equipe filmando em Congonhas; um passeio no Rio de Janeiro e um panorama geral do laboratório em que revelava, sonorizava, editava e copiava a sua produção.

A fachada do Cine-Theatro Popular, inaugurado por Carriço no final dos anos 1920, no número 890 da Avenida Getúlio Vargas – hoje um estacionamento administrado pela família -, é o cenário tanto de fotos de crianças saindo de uma matinê quanto de operários se reunindo para um encontro político. Em algumas das fotos, como a de jovens após uma sessão, em 1927, um detalhe chama atenção: o cinema lembra uma fenda a expulsar pequenas figuras assustadas, o que dá à imagem uma característica lúdica.

Cinejornais e debate no ICH

A obra de Carriço também será tema de debates no Instituto de Ciências Humanas (ICH)

Ainda dentro do “Corredor cultural” e paralelamente à exposição de fotografias no Espaço Reitoria, a Universidade também recebe a equipe da Divisão de Memória da Funalfa para a exibição de cinejornais da Carriço Film que foram digitalizados pela Cinemateca Brasileira, em São Paulo, detentora do acervo filmográfico de Carriço, e cedidos para divulgação da obra.

O evento, aberto ao público, acontece na próxima quarta-feira, 29, às 19h, no anfiteatro do Instituto de Ciências Humanas (ICH), onde haverá uma breve apresentação sobre os cinejornais, à cargo de Eduardo Faria e Nilo Campos, ambos da Divisão de Memória, falando ainda sobre outros acervos, como o do ex-prefeito Mello Reis e o da Família Miana, a partir da coleção do patriarca Mtanos, em Juiz de Fora.

Entre os cinejornais incluídos nessa sessão especial, estarão os que registram cenas do Clube de Bicicletas, corrida de carros, desfile militar, festas populares e religiosas, carnaval de rua e visitas políticas a Juiz de Fora. Após a exibição, a palavra estará aberta ao público presente para fins de debate.

Carriço é considerado um profissional de múltiplas faces e talentos, que chegou a unir as funções de designer (cartazista), fotógrafo, cenógrafo, diretor, editor, distribuidor e exibidor, estando à frente em Minas Gerais. Em 1934, fundou a Carriço Film, que tinha como slogan a frase “Tudo vê, tudo sabe, tudo informa”, colocada ao final dos filmes. Até 1956, chegou a produzir 236 cinejornais.

Carriço em um dos momentos de trabalho nos quais documentava a vida social e política local

Em 1933, como suporte para seu audacioso projeto, instalou em Juiz de Fora um laboratório pioneiro, conquistando seu espaço de forma independente, sem qualquer financiamento do poder público. Além de documentar a vida social e política local, também filmou em Belo Horizonte e cidades históricas mineiras, como Congonhas, registrando ainda fatos importantes no Rio de Janeiro e em Mato Grosso.

A importância de João Gonçalves Carriço como profissional excepcional em sua área pode ser medida por reivindicações que culminaram na criação de uma lei que garantia, na época, a exibição de cinejornais brasileiros em todos os cinemas. Sua influência levou o então presidente Getúlio Vargas a assinar, em 1932, um decreto que protegia a produção cinematográfica nacional.

Outras informações: (32) 2102-3964 – Pró-reitoria de Cultura (Procult)