Expectadores brindam a troca de ideias e conhecimento feita durante o Pint of Science (Foto: Maria Otavia Rezende)

Em sua segunda noite, o Pint of Science continuou seguindo o ditado popular “unir o útil ao agradável”: o evento leva cientistas para bares da cidade para, em um tom descontraído, debater e conversar com o público em geral sobre temas de relevância. O evento é o maior festival de divulgação científica internacional e segue até esta quarta-feira, 22, com assuntos e pesquisadores diferentes em cada local, sempre começando às 19h30 e seguindo até às 21h30. A programação completa está disponível online.

Nesta última terça-feira, 21, os bares Na Garganta, Bar do Luiz e Arteria sediaram bate-papos sobre segurança pública, transgênicos e o Universo e seus mistérios. Confira a cobertura:

O tema de segurança pública rendeu entre os presentes no bar Na Garganta (Foto: Gustavo Tempone)

Do que temos medo?
Os pesquisadores Paulo Fraga e Letícia Delgado – da área de Ciências Sociais e Direito, respectivamente – conversaram sobre segurança pública no bar Na Garganta. Abordando desde o histórico das polícias no Brasil até o assunto de posse de arma particular, os cientistas, além de se apresentarem separadamente, conversaram entre si e expandiram o diálogo para o público presente.

O especialista em Análise Criminal, Marcelo Aleixo, foi um dos presentes que questionou os pesquisadores e compartilhou o apreço pelo tipo de interação promovida pelo festival. “Juiz de Fora tem muito a ganhar com um evento como esse”, destaca. “Me interessei muito pelas falas, que nos dão acesso ao conhecimento científico sem precisar de uma sala de aula ou um laboratório. Além disso, são informações que contribuíram para o meu próprio trabalho e pesquisas pessoais.”

O Universo numa casca de noz
Já o Arteria recebeu os pesquisadores Gil de Oliveira Neto e Marc Casals, que apresentaram o painel “O Universo numa casca de noz”. Oliveira Neto iniciou a discussão explicando a fase inicial e as mudanças que ocorreram nos 13,7 bilhões de anos que sucederam o “Big Bang”, abordando as possibilidades que pesquisas recentes afirmam sobre o fim do Universo. “Descobrimos que existe alguma matéria repulsiva. É nova, a gente não conhece, nunca viu, não sabe o que é e constitui 70% da matéria do Universo. Isso influencia de forma definitiva na sua eventual morte”. O professor explicou que tal descoberta explica a expansão acelerada do Universo, que chegará ao fim mais depressa do que era esperado. Um fim catastrófico que não presenciaremos – afinal, tal expansão significa, pelo menos, 22 bilhões de anos, de acordo com a hipótese mais rápida.

Entre o público presente no Arteria, a presença de crianças foi um destaque (Foto: OClick/Cláudia Nunes)

Logo depois, Marc falou sobre a “magia” que ocorre no estágio final de uma estrela: o buraco negro. “Nada pode fugir de lá, nenhuma matéria. Se você entra dentro de um buraco negro, você não consegue sair devido à força gravitacional que é muito forte e atrai as massas, liga elas e não as deixa fugir. Mas não só as massas ficam presas lá, também a luz, isso já é mágico”. O pesquisador também explicou como a primeira foto de um buraco negro aconteceu: a captura da silhueta do fenômeno espacial foi possível pela luminosidade do horizonte de eventos que está ao redor.

Transgênicos: os seres do futuro
O Bar do Luiz recebeu uma animada discussão sobre “Transgênicos: os seres do futuro”, com os pesquisadores Marcelo de Oliveira Santos – do Instituto de Ciências Biológicas da UFJF (ICB) – e Marcos Vinicius da Silva – da Embrapa Gado de Leite. Durante sua fala, os pesquisadores abordaram as polêmicas em torno dos transgênicos e o processo técnico e legislativo para a liberação dessas tecnologias.

Discussão no Bar do Luiz foi acalorada (Foto: Maria Otavia Rezende)

“Não podemos dizer que transgênicos são seres do futuro. Eles são seres do nosso presente”, iniciou Santos. Conforme os palestrantes, a humanidade sempre trabalhou com o melhoramento genético, apontando que existem vários exemplos pouco conhecidos (históricos e atuais) de transgênicos no nosso dia-a-dia: na reprodução dos rebanhos, na produção de medicamentos, no sabão em pó.

Na conversa com o público, foram levantadas questões como o financiamento das pesquisas sobre os riscos do transgênicos para o consumo, o crescimento das monoculturas e da utilização de agrotóxicos, possibilitado pelo melhoramento genético nas lavouras.  A conclusão dos pesquisadores nessa terça-feira, 21, reforçou que os transgênicos são uma tecnologia, tornada necessária pelo nosso modelo de consumo, que deve ser discutida e debatida pela sociedade, tendo em vista seus possíveis impactos sócio-ambientais. “As pessoas têm devem ser informadas, e consumir ou não produtos transgênicos é uma escolha individual”, finalizou Silva.

Confira  os painéis do Pint of Science nesta quarta-feira
Confira a cobertura da primeira noite do Pint of Science