Artur Andriolo, professor da UFJF, destacou a importância da preservação ambiental diante do caso da onça-pintada (Foto: Gustavo Tempone)

Fortalecendo o contato com os moradores do entorno do Jardim Botânico da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), a Comissão Interinstitucional – responsável pela coordenação dos trabalhos de segurança, monitoramento, captura e translocação de uma onça-pintada – convidou a comunidade para esclarecimentos quanto à finalização do caso do felino e ampliação de diálogo. A reunião aconteceu na terça-feira, 14, no salão dos Vicentinos, no Bairro Santa Terezinha. Este foi o terceiro encontro entre representantes locais e a comissão.

Uma das principais inquietações foi a situação da onça-pintada e a segurança do animal. A comissão apresentou um desfecho positivo, sendo o felino, com 51kg e 1,81m, capturado aproximadamente às 20h15 do último domingo, 12, e encaminhado para um habitat de preservação ambiental, onde poderá interagir com outros habitantes da fauna local. “O lugar não pode ser divulgado para preservação dos animais e da comunidade que vive no entorno. Lá, a onça poderá cumprir seu papel na natureza de se alimentar e se reproduzir”, explicou o professor da UFJF, Artur Andriolo.

Andriolo contou sobre a trajetória da onça desde a captura até o momento de soltura, por volta das 5h30 da manhã do dia seguinte. Além disso, apresentou detalhes sobre o monitoramento e primeiros passos do felino após ser liberado. “A cidade foi cativada pela onça. O nosso aprendizado é a necessidade da preservação ambiental. Às vezes, vivemos próximos à natureza, mas não temos contato com ela. A questão que fica é: qual tipo de relação temos com o meio ambiente?”.

O vice-diretor do Jardim Botânico, Breno Moreira, explicou o fato de o aparecimento da onça ser uma possibilidade de aumentar a visitação no espaço e promover um melhor ensino ambiental para estudantes e comunidade. “Muitas escolas têm nos procurado para reabertura e já conversamos com nossos bolsistas para pesquisarmos e levantarmos informações para o turismo de fauna”.

Houve o questionamento sobre a possibilidade da existência de outras onças no espaço, entre elas, a parda. A comissão apontou para o conhecimento de relatos de pessoas sobre a presença de outros animais e explicou sobre o monitoramento por meio de armadilhas fotográficas, registrando toda fauna em movimento dentro da mata. “Em uma das nossas reuniões com a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) foi informado a ocorrência comum do surgimento de outros animais pela cidade. Nós precisamos pensar como vamos correlacionar a nossa existência com a deles. A equipe do Jardim Botânico tem trabalhado normas de convivência no espaço. Será um bom exercício para todos nós”, esclarece a pró-reitora de Extensão da UFJF, Ana Lívia Coimbra.

Em razão disto, surgiu a dúvida sobre quais procedimentos deverão ser tomados para evitar o aparecimento de animais silvestres dentro das casas dos moradores próximos da área de preservação ambiental. Segundo os representantes do Instituto Estadual de Florestas (IEF), “o primeiro alerta é não oferecer espaço ou facilidade para a permanência do animal. Caso persista, o ideal é ligar para a Polícia Ambiental “, comenta a analista ambiental do IEF, Sarah Stutz.

A reabertura do espaço de preservação ambiental foi colocado em pauta juntamente aos transtornos relacionados ao fluxo de pessoas, falta de sinalização e estacionamento, e as más condições da rua de entrada. O diretor do Jardim Botânico, Gustavo Soldati, relembrou o debate sobre este tema na reunião passada e relatou a busca de diálogo com a Secretaria de Transporte Municipal (Settra). “Foi conversado com a prefeitura que a sinalização e fiscalização não são responsabilidades da UFJF.”  Para a pró-reitora de Extensão, a melhor solução para essas indagações são ações conjuntas entre Universidade e comunidade. “Nosso papel é acionar o setor público. A comunidade também deve levar as demandas para a PJF para juntos resolvermos essa situação.”

Participantes indagaram sobre a situação do teleférico, trenó de montanha e área utilizada para criação destes dispositivos. Os representantes da UFJF apontaram as ações desenvolvidas pela equipe da Pró-reitoria de Infraestrutura (Proinfra), e afirmaram a necessidade do auxílio popular para solução de tais questionamentos. “Com o corte de R$28 milhões anunciado pelo Governo Federal é inviável pensar em um equipamento de custo tão elevado. Mesmo antes desta iniciativa, ter um equipamento dessa natureza, cuja manutenção se refere, em alguns casos, a orçamentos inteiros direcionados para unidades de ensino da UFJF, se torna impraticável. A gestão busca ao máximo criar diálogo e transparência”, explicou Ana Lívia.

Diálogo e Transparência

De acordo com a secretaria do Conselho de Segurança (Conseg) do bairro Santa Terezinha, Dagmar de Andrade, o trabalho da Universidade junto ao bairro inicia agora. “Nós estamos começando os diálogos e temos certeza que devagar vamos chegar ao objetivo. Quando os resultados do trabalho em equipe começarem a aparecer o efeito será muito positivo.”

Presente no encontro, estava a bióloga, Suzana Reis. Ela disse se sentir muito orgulhosa de ver o trabalho da UFJF fazendo bem para a cidade. “Acompanhei desde o início as discussões sobre a possibilidade da mata ser gerida pela Universidade. É uma realização pessoal ver o trabalho de educação ambiental realizado pelo Jardim Botânico. Além de abrirem as portas para outras instituições se envolverem e terem forte inserção da comunidade. A transparência das redes sociais do espaço é um bem enorme para a sociedade.”

Outras informações: (32) 2102-3959 – Pró-reitoria de Extensão (Proex)