Karine Fernandes durante a defesa da dissertação na Faculdade de Educação da UFJF (foto: arquivo pessoal)

Com foco nos benefícios que a união entre a causa animal e a educação pode proporcionar, a acadêmica Karine Gabrielle Fernandes desenvolveu a dissertação “Diálogos a partir do veganismo: A questão animal e sua abordagem em documentos oficiais para a educação infantil”. Com o estudo, a pesquisadora acredita que introduz na Universidade um tema que é parte de um movimento que ganha força não apenas no Brasil, mas no mundo, mas só agora encontra espaço oficial nas discussões acadêmicas. O trabalho foi realizado e apresentado no Programa de Pós-graduação em Educação, da Universidade Federal de Juiz de Fora (PPGE/UFJF).

Para Karine, a inserção da temática no âmbito da UFJF representa um começo otimista. “Como acadêmica e ativista, vejo na universidade e na educação diversos movimentos ganhando força em sinergia e, mais importante, atuando nas ruas e escolas, não se mantendo apenas no espaço universitário. Com os pés no chão, acredito que haja diversas formas de lutar efetivamente pelos animais. Logo, meu desejo é que este trabalho seja uma das várias iniciativas que vêm inquietando e fazendo o movimento florescer”, analisa.

A pesquisadora assinala que pensar o veganismo e a educação, ainda que sejam temas pouco relacionados no meio acadêmico, se torna cada vez mais coerente com o passar do tempo. “Por ser um dos primeiros ambientes de socialização da criança, a instituição escolar constitui fator crucial em sua trajetória e desenvolvimento pessoal, uma vez que permite a construção do conhecimento cultural de acordo com cada ambiente e contexto histórico”.

Na dissertação, a acadêmica estabeleceu um diálogo entre esses temas, muitas vezes já presentes na vida dos adeptos do veganismo e daqueles com quem convivem, porém pouco conhecido na educação. “Com isso, busquei problematizar as concepções que reforçam o modus operandi do carnismo, me aprofundando em suas relações educacionais”, explica. 

Abertura acadêmica

A acadêmica destaca que a avaliação do seu estudo pela banca examinadora se traduz no reconhecimento e na aceitação, pela academia, do veganismo como temática necessária a ser discutida nas pesquisas em educação. “Ainda que altamente polêmico, a banca demonstrou que há espaço para o tema, proporcionando maior visibilidade ao trabalho em si e, mais importante, à causa”.

Ela destaca que a dissertação possibilita, por si só, publicações e apresentações nas áreas da educação, das ciências e do pró-abolicionismo animal, seus principais focos. “Além disso, é possível, academicamente falando, que uma das características mais importantes dessa pesquisa seja apontar para trabalhos futuros. Seu ineditismo abre um leque de possibilidades que pretendo aproveitar, sendo minha continuidade na academia um bom ensejo para dar prosseguimento e extrapolar esse primeiro momento”.

Opção pela vida

A acadêmica explica que, por questões éticas e de sustentabilidade, o veganismo protagoniza um movimento em larga escala, que se coloca em defesa dos animais e contra qualquer tipo de exploração dos mesmos. Ao longo dos anos, vem se firmando como opção de saúde dos humanos e respeito à vida de seres cuja percepção de mundo se dá pelos sentidos, sem o pensamento racional. Nessa filosofia, está a exclusão da carne e de quaisquer outros produtos de origem animal do consumo alimentar, cosmético e de vestuário dos ativistas do movimento. Essa dinâmica resulta em uma economia paralela e emergente, na qual floresce um mercado comercial inovador, com novos produtos que não agridem a causa.

Banca Examinadora:

Profa. Dra. Cristhiane Carneiro Cunha Flôr (orientadora UFJF)
Profa. Dra. Rita de Cássia Reis (co-orientadora UFJF)
Prof. Dr. José Guilherme da Silva Lopes (UFJF)
Prof. Dr. Paulo César Pinheiro (UFSJ)

Outras Informações: (32) 2102-3665 – Programa de Pós-Graduação em Educação