Representantes da comunidade trans – composta por pessoas que não se identificam inteiramente com o gênero designado ao nascimento – participaram nesta quinta-feira, 11, de reunião com o diretor de Ações Afirmativas da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Julvan Moreira de Oliveira. A atividade, realizada no auditório 2 do Centro de Ciências da UFJF, foi organizada pela Diretoria de Ações Afirmativas (Diaaf), visando ao aprimoramento das Resoluções 06/2105 e 04/2017, do Conselho Superior (Consu) da instituição.
Ambos os dispositivos normatizam o uso do nome social no âmbito da UFJF. Nome social é aquele pelo qual as pessoas transgêneros, travestis e transexuais preferem ser chamadas, em contraste com o oficialmente registrado ao nascimento, que não reflete a identidade de gênero.
“Pensamos na ampliação da resolução da UFJF dentro do que é proposto em âmbito nacional, por meio de Decreto do Executivo Federal, não apenas em relação ao uso do nome social, mas também ao uso do banheiro de acordo com a identidade de gênero, e outras demandas que chegam a partir da população transgênera na Universidade”, explicou Oliveira.
Ainda de acordo com o diretor de Ações Afirmativas, novo encontro foi agendado para 17 de abril, às 9h, na Faculdade de Comunicação da UFJF. “Nesta próxima reunião com a comunidade trans, fecharemos uma minuta de resolução a ser encaminhada ao Conselho Superior da UFJF.”
A redação do documento será realizada pelo coordenador da Central de Atendimento, Mauro Leopoldino, um dos idealizadores da iniciativa. “A ideia é aprimorar o acolhimento e o atendimento da instituição. Avalio esta reunião muito positivamente, representou um avanço para conhecermos as necessidades das pessoas trans na UFJF. Faremos a primeira redação e levaremos para apreciação da Diaaf e do grupo na próxima reunião.”
Respeito e representatividade
Os representantes da comunidade trans – alunos, servidores e militantes – reforçaram a importância das atividades direcionadas à essa comunidade terem como protagonistas os próprios sujeitos afetados, ou seja, as pessoas transgêneros, travestis, transexuais e não-binárias (que não se identificam integralmente com os gêneros masculino e feminino, ou seja, os gêneros binários).
Os participantes também mencionaram as dificuldades advindas das discriminações sofridas nos âmbitos familiar e institucional, especialmente no que se refere aos usos do nome social e do banheiro de acordo com a identidade de gênero. Além disso, enfatizaram a necessidade de adaptações nas resoluções para contemplar a diversidade e as especificidades de cada pessoa.
“São demandas muito necessárias da gente discutir. Aqui dentro a gente tem uma aceitação muito grande, várias possibilidades, mas não tínhamos ainda debatido como apresentaríamos os documentos com nome social fora da Universidade. É muito necessário a gente discutir essas questões”, destacou o graduando em Química, Felipe Modesto.
A avaliação é compartilhada pelo aluno da Faculdade de Serviço Social, Sidnei Monteiro Vieira. “As principais demandas são a atualização do sistema do nome social e o uso dos banheiros. Essas são as nossas demandas mais básicas e que temos que reafirmar muitas vezes. A reunião foi muito boa, ouvimos situações que as pessoas trans passam aqui.”
A militante trans Bruna Leonardo enfatizou a necessidade de serem promovidas as adaptações na resolução do Consu, para garantir o acesso e a permanência das pessoas trans na Universidade. “Ao nos ouvir, a UFJF está atendendo melhor à demanda da própria comunidade, das próprias pessoas trans que estudam aqui, para que se sintam mais confortáveis. Precisamos ser mais ouvidas. Quando a UFJF se torna mais aberta ao respeito às identidades de gênero, isso deixa a universidade mais confortável para que as pessoas trans possam permanecer dentro dela.”
Saiba mais: Ações Afirmativas convoca comunidade trans para reunião
Outras informações: (32) 2102-6919 – Diretoria de Ações Afirmativas