Palestra foi ministrada pelo enfermeiro Cosme Rezende Laurindo (Foto: Gustavo Tempone)

Nesta quinta-feira, 4, a faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) recebeu o enfermeiro Cosme Rezende Laurindo para a palestra Sistematização da Assistência de Enfermagem em Saúde Mental: diálogo entre a teoria e a vivência prática“. O evento foi promovido pelo Grupo de Estudos e Pesquisa em Enfermagem (Gepae).

Em meio a uma rotina exaustiva de atendimentos, a reflexão a respeito do trabalho desenvolvido pelos profissionais de enfermagem acaba não recebendo a devida atenção. Nesse sentido, a palestra, direcionada a estudantes e profissionais da área de saúde, buscou debater e propor avanços, ao levantar pontos de melhoria na atuação da Enfermagem no Brasil.

Esses profissionais “são agentes essenciais na empreitada da construção de conhecimento, com o dever de plantar sementes que no futuro serão colhidas em forma de garantia  da atenção psicossocial, sem esquecer a especificidade do profissional”, afirma o palestrante.

Segundo Laurindo, a área passou a ser discutida e regulamentada em 1960, até que, em 2018, o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) aprovou a Resolução nº 599/2018. O documento fez com que a norma técnica para atuação da equipe de enfermagem em saúde mental e psiquiatria passasse a receber uma base teórica e instrutiva ainda maior.

Ele afirmou, ainda, que o profissional de enfermagem precisa, além da realização do processo assistencial ao paciente, se basear em teorias e estudos que avaliem e reflitam a respeito de suas práticas, atendendo, assim, as demandas do paciente, dos próprios funcionários e da equipe de enfermagem.

De acordo com a metodologia assistencial, os sistemas pessoais, interpessoais e sociais, ou seja, o sujeito atendido, as condições de saúde que apresenta – físicas, emocionais e psíquicas -, o ambiente em que está inserido e a própria enfermagem devem ser considerados, visando a uma execução eficiente do trabalho do enfermeiro e sua equipe. Assim, por meio de um acompanhamento pessoal, direcionado especificamente ao indivíduo em questão, pode-se oferecer ao paciente um atendimento mais efetivo.

A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) se mostra importante de diversas maneiras. Com relação à falta de materiais hospitalares, por exemplo, o palestrante citou o controle e documentação de material disponível como ferramenta para acompanhamento e até mesmo como forma de vigiar possíveis desvios de verbas. Assim, a vivência prática e os conhecimentos teóricos construídos nesse percurso se complementam.

Na área da saúde mental, o profissional de enfermagem deve buscar, segundo Laurindo, entender o paciente com uma saúde psicossocial abalada, compreendendo sua relação com seus familiares e com o mundo à sua volta. A partir daí, um trabalho de  orientação a respeito da importância de seu autocuidado deve ser realizado, até que ele se torne protagonista de sua saúde.

O palestrante ressaltou que, para a instrução dos cuidados que o paciente deve seguir, deve-se avaliar o contexto social e financeiro em que o ele se insere. A prescrição de medicamentos de fácil utilização e que apresentem custo acessível e a exploração da estrutura em rede do sistema de saúde pública, que permite o acesso à informação quanto aos medicamentos e serviços disponíveis, por exemplo, devem ser considerados pelo profissional.

Outras informações: Grupo de Estudos e Pesquisa em Enfermagem (Gepae)