Da esquerda para a direita: professora Isabel Cristina Weiss de Souza, Érica Scheffer, professora Laisa Marcorela Andreoli Sartes e professora Pollyanna Santos da Silveira (foto: arquivo pessoal)

Conhecer, analisar e contribuir com as estratégias de trabalho de psicólogos que atuam com Terapia Cognitivo-comportamental em dois Centros de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas/CAPS ad. Esse foi um dos objetivos centrais da dissertação que a psicóloga Érica Aparecida Scheffer de Almeida desenvolveu no Programa de Pós-Graduação em Psicologia (PPGPSI), da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

A pesquisadora revela que acompanhou os trabalhos de 16 psicólogos, sendo seis pertencentes à CAPS ad do Estado do Rio de Janeiro e dez ao Estado de Minas Gerais. “Os instrumentos utilizados foram um questionário com dados sociodemográficos e uma entrevista semiestruturada elaborada pelos pesquisadores. A análise de dados foi realizada por meio de análise de conteúdo temática de Bardin”, explica a acadêmica.

Segundo Érica, a motivação para desenvolver a pesquisa surgiu de sua experiência trabalhando por 12 anos como psicóloga na abordagem cognitivo-comportamental em diversos CAPS da região. “Nos serviços em que atuei e ainda atuo como psicóloga, não é comum o uso desta abordagem para tratamento e a maioria das discussões e estudos são de orientação psicanalítica.”

De acordo com a mestranda, a Terapia Cognitivo-comportamental (TCC) é um tratamento que possui ampla pesquisa científica, com resultados verificados em múltiplas meta-análises e revisões sistemáticas, sendo destacada como uma abordagem de referência para tratamento da dependência de substâncias psicoativas. Ainda segundo ela, os sistemas de saúde em todo mundo têm se esforçado para melhorar a relação custo-benefício dos tratamentos de saúde mental, procurando implementar métodos eficazes e limitados pelo tempo, com ênfase nos resultados empíricos.

Como resultado, a psicóloga percebeu os profissionais participantes são sobrecarregados exercendo diversos papéis entre sua prática clínica, o que é somado aos desafios referentes à necessidade de melhorias de infraestrutura da instituição, a mais investimento em capacitação, bem como à administração de grande demanda de atendimento em tempo reduzido. “Apesar dessas limitações, que também estão presentes em outros serviços de saúde pública, foram relatados resultados positivos do emprego das abordagens cognitivo-comportamentais. O diálogo entre profissionais de abordagem teórica diferente, de forma geral, foi considerado positivo. No campo dos estudos e discussões, carece de capacitações a respeito de ferramentas para o tratamento da dependência de álcool e outras drogas e as práticas são direcionadas basicamente pela política de saúde mental e pela Redução de Danos,” enfatiza Érica.

Para a psicóloga, a psicanálise continua sendo uma referência, apesar de não apresentar evidências disponíveis de seus resultados. “As estratégias cognitivas e comportamentais são adequadas a saúde pública e compatíveis com a política de Redução de Danos, porque coloca forte ênfase na colaboração, empatia, respeito, reconhecimento das diferenças individuais e atenção às crenças pessoais. Espera-se que este estudo contribua para o reconhecimento da necessidade de tratamentos baseados em evidência e ampliação da adoção das intervenções cognitivo-comportamentais na saúde pública e sobretudo nos CAPS ad”.

A professora orientadora da pesquisa, Laisa Marcorela Andreoli Sartes, ressalta que, atualmente, no que se refere à saúde pública e também à inserção da psicologia na área, há uma discussão sobre a prática baseada em evidências. “Dentro deste contexto, a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) se destaca como uma intervenção psicológica que traz forte evidência de efetividade para o tratamento de diversos problemas de ordem psicológica e psiquiátrica, inclusive os problemas relacionados ao uso de álcool e outras drogas”.

Contatos:
Érica Aparecida Scheffer de Almeida (mestranda)
ericaasalmeida@yahoo.com.br
Laisa Marcorela Andreoli Sartes (orientadora)
lais.sartes@gmail.com

Banca Examinadora:
Profª Dra. Laisa Marcorela Andreoli Sartes (orientadora – UFJF)
Profª Dra. Pollyanna Santos da Silveira – (UFJF)
Profª Dra. Isabel Cristina Weiss de Souza – (UNIFESP)

Outras Informações: (32) 2102 – 6321 – Programa de Pós-Graduação em Psicologia