Rodolfo Dias Corrêa apontou que gerar memórias é a forma mais eficaz para estudar menos e aprender mais Foto: Gustavo Tempone)

Muitos estudantes passam por situações cotidianas bastante comuns, como estudar horas seguidas, sublinhar inúmeras partes de textos e digitalizar conteúdo,  acreditando que essas estratégias sejam as mais eficazes no processo de aprendizado. Na abertura do XIII Congresso Médico Acadêmico (Coma), que aconteceu nesta quarta-feira, 3, no anfiteatro da Faculdade de Engenharia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), o pesquisador do Hospital Metropolitano Odilon Behrens, Rodolfo Dias Corrêa, descartou essas possibilidades e, por um viés metacognitivo, apontou que gerar memórias é a forma mais eficaz para estudar menos e aprender mais.

Na palestra “Metacognição: estudando menos e aprendendo mais”, Corrêa esclareceu que a melhor maneira para aprender é memorando o que foi estudado. “Tentar recordar e gerar memórias é a forma mais eficiente de assimilar conteúdo. Para isso, é necessário que o estudo seja realizado espaçadamente, pois quando o aluno foca em um tema, e se dedica demasiadamente, entra em um modo automático que gera memórias fracas e uma falsa aprendizagem”.

O médico destacou ser fundamental que o estudante possua uma boa qualidade de vida, durma bem, faça atividades físicas e tenha autoconhecimento. “A minha sugestão é o método Pomodoro, ou seja, programar o tempo de concentração nos estudos e descanso. Cada um no seu próprio tempo. Qual a melhor maneira para mim? Qual meu tempo? Não entre nessa de concorrer ou tentar acompanhar o ritmo do colega. Isso só atrapalha”, explica

Metacognição: Modo Focado e Modo Difuso

Utilizando da metacognição – campo de estudos relacionado à consciência e ao automonitoramento do ato cognitivo de aprendizagem –, o pesquisador explicou que há duas formas de aprendizado: o modo focado e o modo difuso. “A primeira delas é quando estamos concentrados. Voltamos nossa atenção para o conteúdo e tentamos percorrer assuntos que nós já conhecemos. A outra é quando nos permitimos divagar em nossos pensamentos e acessamos nossas memórias. Alternar entre os modos é o que faz as coisas funcionarem”.

Corrêa destacou a necessidade de um entrosamento entre os métodos para que o estudante acesse as memórias de aprendizagem, mas ressalta que o modo difuso não deve chegar ao ponto de se tornar uma procrastinação. “É preciso passar por cima de alguns obstáculos para que o aluno não entre em um ciclo vicioso. Geralmente começa em alguma atividade que não traga prazer, seguido pela desmotivação, então busca algo que o agrade mais e, por fim, não realiza as atividades necessárias e não cria memórias”.

Como eu devo estudar?

O médico conta que há questões que atrapalham os momentos de estudo. A principal delas, que acarreta as demais, é a ilusão de competência. “Muitos acreditam que sublinhar textos, realizar leituras passivas diversas vezes em sequência, sem realmente ter assimilado o conteúdo, é uma forma correta de estudar. Mas, ao mesmo tempo, essas são maneiras de iludir a nossa própria competência. Muitas vezes, dependendo do indivíduo, prejudicam o aprendizado. Pode ser que algumas pessoas consigam, mas não é consenso”.

Neste panorama, traçou algumas dicas de memorização e assimilação de aprendizado:

Aplicabilidade na rotina estudantil

De acordo com o vice-presidente do Diretório Acadêmico (D.A) Silva Mello, Petrus Renó, o objetivo da palestra foi auxiliar o corpo estudantil a organizar o momento de estudo. “Neste Congresso tentamos ajudar o estudante a priorizar o próprio tempo, para que estude menos, mas com mais qualidade, principalmente, considerando que a carga horária na Medicina é grande.”

João Pedro Rodrigues, aluno do sexto período da graduação médica, ressalta que a exposição ajudou a facilitar o estudo e terá aplicabilidade em sua rotina. “É importante que saibamos nos organizar, utilizar técnicas que facilitem e possibilitem um aprendizado mais efetivo, para podermos encaixar tudo que precisamos estudar durante os tempos livres”.

Evento

O evento foi organizado pelo Diretório Acadêmico (D.A.) Silva Mello, da Faculdade de Medicina (Famed) da UFJF. As atividades acontecem até esta sexta-feira, 6, e o tema central é “A busca pelo conhecimento”. A programação do encontro prevê apresentação de trabalhos científicos, workshop das Ligas e o Café com Prosa, visando a oferecer atividades que englobam os pilares da educação, pesquisa e extensão.

Outras informações: Evento no Facebook.