Da esquerda para a direita: professor Paulo Roberto Figueira Leal, professora Carla Montuori Fernandes, Mariane Motta e professor Luiz Ademir de Oliveira (foto: Alice Coêlho/UFJF)

Com o objetivo de investigar as estratégias de comunicação dos governos Dilma Rousseff e Michel Temer, a jornalista Mariane Motta de Campos analisou o enquadramento noticioso do Jornal Folha de São Paulo dado aos presidentes durante seus respectivos mandatos. A pesquisa de mestrado foi realizada e apresentada no Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCom), da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

A dissertação busca compreender a centralidade do campo midiático nas disputas políticas que, segundo a acadêmica, implicam em processos cada vez mais intensificados de espetacularização e personalização. “A espetacularização e o personalismo são processos advindos da midiatização e influenciam a política”, explica. De acordo com Mariane, a partir da relação simbiótica entre o campo político e a instância midiática, é possível traçar uma discussão sobre as relações de poder. Além de abordar estes conceitos, propus também uma discussão acerca da democracia e da crise de representação com base em autores que tratam especificamente do caso brasileiro e da América Latina”.

Para entender estes fenômenos, o foco da pesquisa se deu no ano de 2016, no processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). “Analisei as estratégias de comunicação do governo federal em dois momentos específicos: primeiramente, da gestão Dilma Rousseff (PT) no período de crise e do seu impeachment, e da gestão Michel Temer (MDB), que assumiu interinamente até a cassação da ex-presidente e depois quando tomou posse até o momento de crise do seu governo diante de denúncias de corrupção. A segunda perspectiva do trabalho, foi a análise do enquadramento noticioso realizado pela Folha de S. Paulo”.

A pesquisadora identificou os pontos de confluência e divergência na construção da imagem dos presidentes e de seus governos e comparou as diferentes estratégias e enquadramentos. “Foi possível notar que os presidentes recorreram a diferentes estratégias. Dilma às conquistas trazidas pelos governos petistas, enquanto Temer optou por adotar a estratégia de acionar a superação da crise econômica em seu governo”. Quanto à abordagem dada pelo Jornal Folha de S. Paulo, “pode-se perceber que ambos os governos ganharam enquadramentos negativos em momentos de crise. Porém, ao trazer temáticas econômicas, o veículo noticioso enquadrou o governo Temer de forma mais positiva se comparado ao governo petista”.

Segundo o professor orientador do estudo, Luiz Ademir de Oliveira, o trabalho tem uma relevância social e acadêmica porque lança luz sobre um momento conturbado da realidade política e social brasileira, que não pode ser dissociado do engajamento dos conglomerados de mídia. “Atualmente, não se pode pensar em relações de poder e processos sociais e políticos sem pensar na nova ambiência midiática, que é onde circulam a grande parte das narrativas na contemporaneidade. O trabalho traz teorias e análises que ajudam a entender esta interface. Destaco a qualidade tanto do ponto de vista da construção teórica e conceitual como a pesquisa minuciosa na coleta e análise dos dados”.

Contatos:
Mariane Motta de Campos – (mestranda)
marianemottadecampos@hotmail.com

Luiz Ademir de Oliveira (orientador – UFSJ/UFJF)
luizoli@ufsj.edu.br

Banca examinadora:
Prof. Dr.  Luiz Ademir de Oliveira (UFSJ/UFJF)
Prof. Dr. Paulo Roberto Figueira Leal (UFJF)
Profa. Dra. Carla Montuori Fernandes (UNIP – SP)

Outras informações: (32) 2102-3616 – Programa de Pós-graduação em Comunicação