“Antimagem” traz 23 obras em técnicas diversas, a maioria pinturas em óleo sobre papel, madeira e fotografias com intervenções (Foto: Divulgação/UFJF)

Partindo de uma requintada ironia sobre o excesso de imagens que assola o mundo atual, os artistas Eduardo Borges e Gilton Monteiro Jr. se unem para realizar a mostra “Antimagem”, que ocupa a galeria Retratos-Relâmpago do Museu de Arte Murilo Mendes (Mamm) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), a partir desta sexta-feira, 29. O vernissage está marcado para as 20h. São 23 obras em técnicas diversas, a maioria pinturas em óleo sobre papel, madeira e fotografias com intervenções.

Borges revisita um trabalho iniciado em 2014, do qual faz parte uma série de pinturas e desenhos, em imagens que simulam antigas fotografias retiradas de álbuns pessoais ou alheias. Desse universo, o artista expõe 15 obras, todas com uma pedra interferindo de algum modo na leitura dos retratados. Parte essencial desse conjunto, a pedra é referência de uma partícula dos escombros de uma casa em Deir-El-Qamar, região católica maronita do Líbano, que lhe foi dada há 15 anos.

“Fiz essa série quando morava no Rio de Janeiro e cheguei a apresentá-la no Parque Lage, onde o grupo Mais Pintura, de Luiz Ernesto e Bruno Miguel, se reunia às segundas-feiras. Éramos amigos, tínhamos a paixão pela arte como elemento comum e nos encontrávamos para discutir a pintura. Foi nessa época que surgiu a ideia de realizar esse trabalho”, conta, lembrando que os retratados referendam o sentido de passagem, mestiçagem, fronteiras, diferenças e migrações.

Na outra ponta de “Antimagem”, Monteiro Jr. traz oito pinturas sobre tela, trabalhadascom tinta acrílica, PVA, esmalte sintético e óleo, cuja relação estrutural se dá não a partir do figurativo, mas de cores, planos e texturas. “Nessas obras, procurei lidar com a herança abstrata da arte brasileira e internacional até mesmo por conta deste momento, em que pesam 100 anos passados do abstracionismo”, ressalta.

“O título da mostra refere-se a como nosso trabalho se insere numa sociedade em que a imagem é o veículo central da informação, do conhecimento, estando sempre no papel de protagonista, papel este que cabe à arte confrontar até chegar às instâncias mais concretas”, explica.

Em sua totalidade, a mostra instiga o espectador a pensar sua inserção na sociedade atual, de frenético consumo imagético e altamente descartável, ao mesmo tempo em que desperta a necessidade de guardar o que realmente tem valor, seja este histórico ou pessoal. Um dos textos da mostra ressalta que há, nas obras, oportuna reflexão sobre o sentido da abstração a partir de procedimentos opostos de realização e pensamento, tendo como zona de confronto o campo da representação.

O Mamm fica na Rua Benjamin Constant 790, no Centro.

Outras informações: (32) 2102-3964 ou 3229-7650 – Museu de Arte MuriloMendes (Mamm)