O Ambulatório de Atendimento Psicológico para o Público Transgênero (Ambulatório Trans), da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), está com inscrições abertas para acompanhamento psicanalítico individual. O projeto de extensão é um dos mais recentes da Universidade e tem como público-alvo pessoas travestis e transexuais, que não se identificam com o gênero designado ao nascimento. O espaço é de fala e escuta, e os interessados podem ficar à vontade para falar sobre quaisquer questões.
A coordenadora da iniciativa e do Centro de Psicologia Aplicada (CPA) e professora do Departamento de Psicologia da UFJF, Alinne Nogueira Silva Coppus, lembra que a experiência trans não se resume a questões médicas, como intervenções cirúrgicas e hormonais. “Não é um processo simples, há conflitos. Falar e ser ouvido faz diferença. É uma oportunidade para o sujeito se questionar, saber se é isso mesmo que ele quer, saber da onde vem esse desejo.” Ela ressalta também que o espaço de escuta é aberto para que as pessoas falem sobre o que vier à mente. “Às vezes, há o pensamento de que, por ser um ambulatório trans, as pessoas têm que falar sobre questões trans. Mas não é assim, o sujeito pode falar do que ele quiser, sendo temas trans ou não.”
Alinne pontua, ainda, que a intenção não é ofertar uma identidade pronta para o sujeito, mas é uma possibilidade para este se reconhecer em algum espaço. “Existe uma ideia de que problemas com a sexualidade, por exemplo, podem estar ligados a questão trans, mas não é assim necessariamente. Tem a ver com a pessoa construir uma identidade possível para ela mesma, que não precisa, obrigatoriamente, passar pelo tratamento hormonal. No atendimento psicanalítico, há um convite para o sujeito falar dele, do que ele conhece ou não, do que entende ou não.”
A proposta do Ambulatório é oferecer o serviço ao público em situação de vulnerabilidade social e, junto a essa atividade de extensão, promover pesquisa a partir dos acompanhamentos. Os atendimentos são feitos pela coordenadora e por bolsistas e voluntários do curso de Psicologia. Além do acompanhamento clínico, há supervisões semanais e grupo de estudos, com leituras e discussões de textos teóricos que embasam a prática. Como é característico da psicanálise ser uma prática extremamente aliada à pesquisa, Alinne explica que a ideia “é construir um saber com base nos casos, criar algo novo a partir do que os próprios pacientes ensinam”.
O CPA fica localizado na Rua Santos Dumont 214, no Centro da cidade. Para se inscrever, basta ligar no número (32) 3216-1029 e deixar nome e telefone. Algum membro da equipe irá retornar para agendar o atendimento.
Outras informações: (32) 3216-1029 – Centro de Psicologia Aplicada da UFJF