Roda de Conversa abordou lutas e resistências das mulheres negras no Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial (Foto: Rodrigo Milanni/UFJF)

“O racismo é uma chaga revestida de ódio, intolerância e preconceito e precisa ser combatido.” O convite à mobilização é do professor Marco José de Oliveira Duarte, durante a roda de conversa “Gênero, Raça e Violência: Lutas e resistências das mulheres negras”. O evento aconteceu nesta quinta-feira, 21 – Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial, no auditório da Faculdade de Serviço Social.

O encontro foi aberto pelo toque de Ilus (atabaques), um xirê (homenagem) aos orixás na nação Kêtu. Em continuidade, a mesa de debates foi composta pela assistente social e residente em Saúde do Hospital Universitário (HU), Amanda Oliveira da Silva; pela técnica em Saúde do HU e coordenadora da Secretaria de Combate à Discriminação do Sindsep-MG, Dandara Felícia Silva Oliveira; e pela psicóloga, supervisora da Clínica-Escola do curso de Psicologia da Faculdade Machado Sobrinho, Naiara Santos e Silva.

Dandara falou sobre o conceito de interseccionalidade no feminismo, ou seja, outros marcadores sociais como raça, gênero e classe que levam às opressões dentro da sociedade. “Temos vários recortes e dados sobre como a mulher negra sofre por questões como raça e classe. Por exemplo, mulheres negras são as que mais passam por episiotomia (incisão no períneo para ampliar o canal do parto) e são as que menos recebem anestesia para fazer isso. Ou seja, elas sofrem duas vezes para fazer um procedimento que é desnecessário e não recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).”

Discriminação

Encontro foi aberto pelo toque de Ilus (atabaques), um xirê aos orixás  na nação kêtu (Foto: Rodrigo Milanni/UFJF)

A ativista falou ainda sobre como funciona o combate à discriminação dentro de instituições e de sindicatos, a partir de sua própria experiência como primeira mulher transexual a assumir a direção do Sindsep-MG. Ela explicou que as ações partem da tentativa de estabelecer diálogo com outros movimentos sociais em busca de uma luta em conjunto. “Precisamos pautar o lugar de poder das mulheres negras, lugar este que foi negado desde sempre, desde a formação estrutural do país. A revolução será feminista e através da política institucional, com mandados coletivos e democráticos, que atendam às interseccionalidades da população.”

Para o professor da Faculdade de Serviço Social, Marco José de Oliveira Duarte, que propôs o evento dentro do Mês de Atividades pelo Dia Internacional das Mulheres, há uma dívida histórica do país com essa população. “A política de cotas raciais, por exemplo, permite a inclusão de negros e negras nos espaços, o que traz novas perspectivas para todas as áreas de conhecimento e também a melhoria da qualidade de vida da população negra brasileira.” Além disso, ele apontou para a importância de romper com a lógica que determina o lugar dos seres humanos na sociedade pela cor da pele. “Precisamos desconstruir o discurso racista e realmente criar condições para um reparação total e verdadeira para a população negra.”

A programação continua com diversos eventos durante o mês de março. Acompanhe aqui.

Outras informações
(32) 2102-3561 –  Faculdade de Serviço Social UFJF