Uma dissertação realizada na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) buscou analisar o ativismo na internet em uma comunidade de fãs da franquia Pokémon no Facebook. O estudo foi desenvolvido e apresentado pelo psicólogo Gilson Peres Tosta da Silva, no Programa de Pós-graduação em Comunicação.

O pesquisador explica que normalmente a cibercultura é um termo utilizado para se referir à cultura que surgiu a partir do uso dos computadores. Esse conceito deu vida a vários outros segmentos, como o ciberativismo, que se refere ao ativismo na internet. Em suas análises, Gilson verificou que as redes cibernéticas podem ser facilitadoras e otimizadoras de nossas capacidades e afazeres. No entanto, se utilizadas de forma despretensiosa e ingênua, podem ser também um instrumento de alienação, controle de massas e desinformação. Nesse contexto, na opinião do psicólogo, a pesquisa é relevante para a sociedade, pois levanta diversas questões que podem servir de base para futuros estudos ainda mais aprofundados sobre o tema: “a prática do ciberativismo e também a confecção dos famosos memes com intuitos ativistas mostram como a sociedade está cada vez mais vinculada às novas tecnologias da informação, sendo de muita importância investigar as nuances dessas práticas e seus impactos sociais e culturais”.

No trajeto da pesquisa, Gilson elaborou e disponibilizou um questionário online para os seguidores da página responderem de forma anônima e voluntária, com o objetivo de avaliar a percepção deles quanto aos símbolos da comunidade, bem como suas motivações e interesses em acompanhar o grupo. Ele esclarece que o objetivo foi analisar se a rede social “poderia influenciar de forma direta ou indireta seus membros a se tornarem mais atentos a assuntos de cunho político e social, por meio de postagens que mesclavam conteúdo de fãs e mensagens ativistas”.

O estudo foi fundamentado em teorias, como a da ótica das Affordances, conceito do psicólogo norte-americano James J. Gibson, “que diz sobre o uso que podemos enxergar em objetos, símbolos e ambientes de acordo com a nossa própria vivência”, explica o pesquisador. Além disso, conceitos próprios da comunicação, como a Convergência de Mídias, de Henry Jenkins, a Inteligência Coletiva, de Pierre Lèvy, e o Ciberativismo, também foram utilizados.

O orientador, professor Francisco José Paoliello Pimenta, ressalta que a originalidade da dissertação se dá pelo fato de um psicólogo fazer uma conexão com a área da comunicação abordando a cultura de fãs: “o fato dele ter trabalhado sob o ponto de vista da psicologia é algo inovador e de grande importância, pois esse novo contexto no qual as pessoas não só consomem o entretenimento mas também participam da produção dos programas pela participação direta, é relevante na sociedade e deve ser estudado”.

Contato:
Gilson Peres Tosta da Silva
gilsonperes.psi@yahoo.com.br

Banca Examinadora:
Francisco José Paoliello Pimenta (orientador – UFJF)
Aluízio Ramos Trinta (coorientador – UFJF)
Letícia Perani Soares (UFJF)
Alessandra Maia Terra de Faria (PUC – Rio)

Outras informações:  (32) 2102-3616 – Programa de Pós-graduação em Comunicação