Alunos da Escola Estadual Cândido Motta Filho em aula prática da disciplina “Experimentação do ensino de química”. (Foto: Divulgação)

Entrar em um laboratório pela primeira vez. Presenciar experimentos químicos incríveis de perto. Interagir com equipamentos de ponta. Para aqueles que nunca sequer pisaram em um ambiente acadêmico, essas experiências podem ser imprescindíveis para a concretização e até a construção de sonhos que nem pensavam que poderiam ter a audácia de sonhar. Com o objetivo de aproximar estudantes da rede pública da Universidade, o professor do Departamento de Química, José Guilherme Lopes, desenvolveu um projeto, dentro da disciplina que ministra, para trazer esses alunos para o laboratório da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

Implementada em 2009, a disciplina “Experimentação no Ensino de Química” começou sendo um espaço para que os alunos do curso de Licenciatura em Química pudessem preparar aulas e lecioná-las em um ambiente simulado, para seus próprios colegas de graduação. “Para alcançar o objetivo de formação de nossos alunos, percebemos a necessidade de trazer os estudantes da educação básica, com suas dúvidas, suas características, para os estudantes da graduação perceberem os desafios de trabalhar com públicos diferenciados”, esclarece Lopes. Então na medida em que os discentes começaram a trazer esses estudantes, perceberam que essa era uma oportunidade para que eles pudessem conhecer o espaço da UFJF. O grupo leva os alunos para visitarem o Departamento de Química do Instituto de Ciências Exatas (ICE) e seus laboratórios. Para visitas futuras, José Guilherme espera incluir também o Centro de Ciências ao roteiro.

A disciplina é dividida em dois momentos: a definição do tema, a preparação das aulas e a definição das duplas discentes responsáveis. No segundo momento, os alunos visitantes são recebidos para assistirem às aulas e conhecerem a UFJF. “Nós vamos atrás de professores da educação básica parceiros, que já trabalham conosco em outros projetos. Temos um projeto de extensão que está relacionado com a formação continuada de professores de ciências, de um modo geral, então eles acabam trazendo seus alunos”, esclarece Lopes. As aulas acontecem nos laboratórios de química do ICE, onde os alunos têm a oportunidade de manipular os experimentos desenvolvidos pelos graduandos.

“Procuramos mostrar como a Universidade faz pesquisa, ensino, extensão, e que isso tudo é construído para que eles possam estudar aqui, na medida do interesse de cada um. Nos colocamos à disposição para tirar dúvidas sobre os processos seletivos de ingresso na UFJF, por exemplo”, lembra. Por conta do caráter extensionista do projeto, a equipe tem planos de submeter a iniciativa ao próximo edital da Pró-Reitoria de Extensão. A ideia veio da própria Pró-Reitora de Extensão, Ana Lívia de Souza Coimbra. “Ao solicitar apoio para o ônibus, ela deu a ideia de colocar esse projeto como um projeto de extensão. Então, estamos nos organizando para aprimorar o projeto, e, talvez, agregar outros colegas que fazem trabalhos semelhantes no ensino”, revela Lopes.

A reação dos alunos é um dos momentos mais emocionantes do projeto. A fascinação em ver os conceitos teóricos abstratos, aprendidos na escola, acontecendo de forma concreta diante de seus olhos é evidente. “Muitos deles, além de estarem vindo à universidade pela primeira vez, também nunca haviam entrado em um laboratório antes. Já trouxemos estudantes de praticamente toda a cidade e as vezes eles nem sabem onde é a universidade, o que é a universidade, e o mais preocupante: eles não têm ideia de que a universidade pública é um espaço construído também para eles. Daí que veio a ideia de aproveitar esse momento para ir além da formação e apresentar a Universidade para a sociedade”, conclui Lopes.