O reitor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Marcus Vinícius David, a professora do Departamento de História, Fernanda do Nascimento Thomaz, e a doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários, Fabrícia do Valle Arcanjo, serão agraciados com a Medalha Nelson Silva. A honraria marca o Mês Nacional da Consciência Negra, sendo ofertada a personalidades e entidades que se notabilizaram na produção, na difusão e no engrandecimento das manifestações artístico-culturais e sociais da raça negra, nos âmbitos municipal, estadual e nacional.

Ao todo, cinco mulheres e cinco homens serão homenageadas nesta 19ª edição.  A entrega da medalha Nelson Silva ocorre no dia 29, às 19h, na Câmara Municipal de Juiz de Fora.

Para reitor, medalha reconhece luta pela inclusão na Universidade (Foto: Iago de Medeiros/UFJF)

Para reitor, medalha reconhece luta pela inclusão na Universidade (Foto: Iago de Medeiros/UFJF)

O reitor Marcus David destacou o empenho da Universidade na garantia do acesso e da permanência de alunos negros na instituição. David será o orador dos homenageados, ou seja, falará ao plenário sobre a importância da honraria e, sobretudo, do combate às desigualdades entre negros e brancos no país. “Foi com muita honra e emoção que recebi a notícia de estar sendo condecorado com a Medalha Nelson Silva. Entendo como um reconhecimento à UFJF, pela sua luta incansável pela inclusão e pela garantia de acesso por cotas aos alunos e alunas negros e negras. Estou muito emocionado e muito feliz de estar recebendo esta medalha tão importante.”

"Juiz de Fora é a terceira no país com maior desigualdade entre brancos e negros", pontua a professora Fernanda Thomaz (Foto: Twin Alvarenga/UFJF)

“Juiz de Fora é a terceira no país com maior desigualdade entre brancos e negros”, pontua a professora Fernanda Thomaz (Foto: Twin Alvarenga/UFJF)

Na avaliação da professora Fernanda Thomaz, a Medalha Nelson Silva é simbólica para Juiz de Fora. “Dentro das estatísticas referentes ao racismo, a cidade é a terceira no país com maior desigualdade entre brancos e negros. Tem uma marca muito forte da experiência escrava e uma população negra significativa. Juiz de Fora está inserida na sociedade brasileira, então esse racismo está presente. A Medalha Nelson Silva traz esse lugar de valorização de grupos e pessoas que estão preocupados e voltados para a consciência negra nas suas pautas e ações políticas. Tem uma simbologia importante: vamos pensar, vamos refletir sobre o que a gente tem feito.”

A professora acrescenta que o Mês da Consciência Negra, uma conquista dos movimentos sociais, é fundamental para o debate acerca da valorização dessa comunidade. No entanto, alerta: o combate ao racismo e às desigualdades deve ser diário e em todos os espaços da sociedade. “O meu lugar é muito representativo, no sentido de que sou uma das poucas professoras negras desta Universidade. Numa sociedade em que mais de 50% da população é negra, isso é um problema. Um problema histórico. A Consciência Negra é importante para isso, para pensar a nossa sociedade extremamente marcada pelo racismo; a desigualdade social que perpassa pela questão da raça; mas, sobretudo, a valorização do negro.”

A doutoranda em Estudos Literários, Fabrícia do Valle Arcanjo, é uma das homenageadas (Foto: arquivo pessoal)

A doutoranda em Estudos Literários, Fabrícia do Valle Arcanjo, é uma das homenageadas (Foto: arquivo pessoal)

A avaliação é compartilhada por Fabrícia Valle. “Fazem-se necessárias ações cotidianas, que incluam a comunidade universitária e a sociedade como um todo, de enfrentamento às violências perpetuadas pela lógica excludente do processo escravocrata que perdura até os dias atuais em nossa sociedade. Fui surpreendida e tomada pela emoção, ao saber que seria uma das homenageadas pela atuação na dimensão da cultura juiz-forana. Nos ambientes artísticos e acadêmicos nos quais transito, perceber-me como mulher negra compreende conectar-me com outras mulheres negras que jamais pensaram em ocupar esses lugares.”

A pesquisadora destaca as possibilidades transformadoras inerentes à educação e às manifestações artístico-culturais. “De alguma maneira, a partir das produções de presença da matriz afrodescendente que busco mediar, procuro fazer com que outras mulheres negras identifiquem-se, empoderem-se e percebam que são capazes de estar onde quiserem estar, a partir de suas potencialidades.”

Nelson Silva

Natural de Juiz de Fora, o cantor, compositor, instrumentista e acordeonista Nelson Silva figura entre os músicos mais importantes do país. Ele nasceu em 21 de janeiro de 1928 e faleceu em 10 de outubro de 1969. Em suas canções com ritmos variados – sambas, boleros, rumbas, batuques, dentre outros – retratou as desigualdades vivenciadas por negras e negros no Brasil.

Em 1999, a Câmara Municipal, em parceria com Batuque Afro-Brasileiro de Nelson Silva criou a honraria, por meio da Resolução 1.120. A homenagem é concedida anualmente.

Saiba mais: 19º edição – Câmara entrega Medalha Nelson Silva dia 29

Outras informações: (32) 2102-3997 – Diretoria de Imagem Institucional