Quem passou pelos arredores da Praça Cívica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), na manhã deste domingo, 25, deparou-se com oito tendas enfileiradas, compostas por grupos de pessoas dispostas a compartilhar informações, trocar experiências e, principalmente, agir de forma preventiva ao câncer. Com esse ideal, foi realizada a Ação Nacional de Combate ao Câncer que tem como lema “Troque o Medo por Esperança”, visando ao diagnóstico precoce, à desmistificação da doença, ao acolhimento e ao tratamento humanizado. Estudantes e profissionais atenderam a comunidade.
O evento contou com a presença de diversos cursos da área da saúde e também com parcerias externas. O público pôde visitar stands da Odontologia, Medicina, Enfermagem, Nutrição, Educação Física, recebendo auxílio de alunos e docentes na aferição de pressão arterial (PA), entrega de panfletos e exposição de banners, com demonstrações práticas dos diferentes tipos de câncer. O público presente também contou com orientação sobre alimentos que auxiliam na prevenção ao câncer, dentre outras medidas. Para entretenimento da comunidade, apresentações culturais ocorreram durante a ação.
Além disso, a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) disponibilizou profissionais para a aplicação de vacinas contra Hepatite, HPV, Febre Amarela e Tétano. Representantes da Associação Feminina de Prevenção e Combate ao Câncer de Juiz de Fora (Ascomcer) estiveram com o ônibus itinerante informando sobre as formas de identificação do câncer de mama e agendando consultas.
O coordenador da ação, professor da UFJF e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), Alexandre Ferreira de Oliveira, destaca que a escolha pelo local se deu pela centralidade do espaço e pelo constante fluxo de pessoas, além da parceria com os cursos da Universidade, com o Exército e a infraestrutura do campus. “A campanha ‘Troque o Medo pela Esperança’ é para motivar as pessoas a procurarem a prevenção mesmo sem sintomas aparentes. Sobre a realidade da UFJF, acredito que pela primeira vez acontece um projeto que integra vários cursos, e isto se deve, em grande parte, à vice-reitora”, diz.
Para prestigiar o evento, a vice-reitora Girlene Alves da Silva, visitou as tendas e enfatizou a importância do compromisso da Universidade com a sociedade, pensando a saúde como direito e dever do Estado. “É um esforço de vários professores que conseguiram vocalizar com estudantes a importância de atividades preventivas. Merece destaque a iniciativa e sensibilidade do coordenador do projeto. Abrir esse diálogo com as unidades acadêmicas da área da saúde, faz com que as parcerias aconteçam de forma natural. Hoje, temos aqui como exemplo a Ascomcer, alunos da Suprema, o Exército. A UFJF reafirma sua responsabilidade social.”
Trocando o medo por esperança
Natural do Estado de Santa Catarina, a aposentada Vitalina Acucco, de 78 anos, diz que ficou sabendo da ação pelos jornais e que quando viu a palavra câncer em uma matéria teve a certeza que deveria estar presente para partilhar experiências, uma vez que já enfrentou um câncer de mama. “Na época em que descobri estava em Mato Grosso, senti uma pontadinha durante uma consulta, fiz exame e retirei o que era necessário. De dois em dois anos faço exames e os resultados de que estou bem trazem muita felicidade. É muito bom ver que estão oferecendo conhecimento para a população sobre um problema tão sério”.
A dona de casa Eliane Mendes, 35, explica que soube do evento por uma amiga que está em processo de tratamento. “Passando nas barracas vi diferentes informações sobre o câncer. Eu nunca tinha participado de um evento parecido. É importante ter esse conhecimento para sabermos como nos prevenir. Agora estou mais atenta aos cuidados necessários.”
Trabalho coletivo
Com a participação ativa dos estudantes, o projeto promoveu uma multidisciplinaridade e um olhar plural sobre o combate ao câncer. Nesta perspectiva, alunos da Liga Acadêmica de Prevenção ao Câncer de Boca (Lapcab), participaram da ação com materiais ilustrativos, a fim de demonstrar as lesões fundamentais da doença nessa região do corpo. O tutor do Liga, Eduardo Vilela, afirma que as atividades abertas são de extrema importância, visto que o câncer de boca é o oitavo com maior incidência no país. “O objetivo da nossa Liga é divulgar essa informação, no sentido de diagnosticar a doença de forma precoce e efetiva”. A líder do projeto, Ana Gabriela Carvalho, destaca a importância do trabalho coletivo para cuidar dos pacientes com câncer. “É importante um tratamento integral com as outras especialidades, como no caso do câncer de boca que é uma doença bastante agressiva.”
Da mesma forma, graduandos que participam do projeto de extensão “De Peito Aberto”, que atua no acolhimento e em atividades didáticas para mulheres com câncer de mama, realizaram procedimentos com o público externo, como a análise do índice de massa corpórea (IMC) e a medição de glicose. A coordenadora do projeto e professora da Faculdade de Enfermagem, Jaqueline Bittencourt, afirma que o evento possibilitou demonstrar as ações diretas e indiretas sobre diversos tipos de câncer, agregando aos alunos o contato com a prática, principalmente, no viés educativo de desmistificar a doença. “Todas essas atividades para a saúde democratizam as informações sobre o câncer. Nos programas de exercício direto procuramos inserir a família na assistência, na perspectiva de trabalhar os tabus. Todo o processo de adoecimento inspira ao cuidado de uma forma humanizada, além de educação para a saúde, da qual a prevenção é a base”.
Outras informações: “Troque o medo por esperança”