Participantes debateram a importância da Psicologia na rotina do profissional de Saúde. (Foto: Maria Clara Leite)

O debate da importância da Psicologia na Saúde, e a compreensão dos processos de saúde/doença foram alguns dos objetivos que levaram a Liga Acadêmica de Psicologia da Saúde (LAPS) a organizar seu primeiro Simpósio. A atividade ocorreu nos dias 9 e 10 em Governador Valadares, e reuniu docentes, profissionais e estudantes da UFJF-GV na abordagem de temas como saúde mental, transtornos psiquiátricos e as relações entre médico e paciente.

“O evento contou com mesas-redondas sobre a saúde mental dos estudantes e a relação profissional-paciente com enfoque interdisciplinar. Também foram realizadas palestras sobre transtornos psiquiátricos no meio acadêmico, tratamento não-medicamentoso do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), transtornos do espectro do autismo, cuidado da pessoa com deficiência e seus familiares, entre outros temas relevantes para todas as áreas da saúde”, explicou a presidente da LAPS, Yasmin Guerra Habib.

Evento reuniu profissionais e estudantes nos dias 9 e 10 de novembro. (Foto: Maria Clara Leite)

A discente explica que a importância dessas atividades no processo de formação dos estudantes está relacionada à relevância da Psicologia. “Um campo de conhecimento que propicia aos estudantes da Saúde a preparação para o enfrentamento das dificuldades inerentes às vivências profissionais, como a comunicação de más notícias, o contato com sofrimento e morte, além da relação profissional-paciente”.

Lucas explicou motivos que agravam quadro de ansiedade entre os estudantes. (Foto: arquivo)

Os transtornos desencadeados pela ansiedade foram tema da palestra do psicólogo da UFJF-GV, Lucas Nápoli. Em sua fala, ele compartilhou conhecimentos obtidos durante os quatro anos de atendimento individual a estudantes da Universidade, destacou como a ansiedade pode ser considerada um dos principais problemas enfrentados pelos alunos, e apresentou motivos que contribuem para o agravo do quadro: “muitos têm dificuldade de adaptação ao Ensino Superior, por estarem acostumados à forma de se relacionar com o conhecimento no Ensino Médio. Na Universidade, eles acabam tendo que ter mais iniciativa e autonomia, e, de imediato, muitos não têm essas habilidades. Além disso, há os conflitos familiares; alguns hoje são os primeiros da família a cursar uma faculdade, o que gera ainda mais pressão nos estudantes e responsabilidade em se formar e ajudar a família”, relatou.

“A ansiedade pode ser agravada pela exigência dos professores, e a autocobrança dos próprios estudantes, o que acaba levando a um sofrimento psicológico bastante significativo” Lucas Nápoli, psicólogo.

Ainda segundo o psicólogo, o aumento da demanda por atendimentos psicológicos reflete a necessidade de que a questão mental seja considerada parâmetro no momento da formulação de políticas da Universidade. “A saúde mental deve ser levada em conta na elaboração das políticas curriculares, como o curso vai se organizar, e frequentemente não é. Nossa participação, enquanto psicólogos, não deve ser apenas no campo remediativo, mas também no plano preventivo, para que possamos sugerir, propor e fazer apontamentos visando à construção de uma universidade mais favorável à saúde mental”.

Debates que envolvem a relação entre profissional-paciente
O evento contou com mesas-redondas sobre temas como a relação profissional-paciente com enfoque interdisciplinar. A atividade contou com a participação da professora de Fisioterapia, Érica Cesário Defilipo, a docente da Odontologia, Tais de Souza Barbosa, e o preceptor e professor do Departamento de Medicina, Silvio José Santana.

Maria Gabriela, ao meio, abordou relação profissional-paciente. (Foto: divulgação LAPS)

Nessa abordagem, a professora da UFJF-GV, Maria Gabriela Bicalho, destacou a importância de o profissional compreender seu envolvimento na situação profissional. “O estudo da psicologia na formação do profissional de saúde busca despertar a capacidade de ter consciência de seu envolvimento, suas reações, sentimentos e dificuldades no contato com o paciente. Essa consciência ajuda a evitar erros e impedir que ações sejam tomadas em função de questões emocionais”, pontuou.

O Simpósio de Psicologia da Saúde contou, também, com uma sessão de Comunicação Oral. Foram apresentados 15 trabalhos baseados em relatos de experiência e pesquisas acadêmicas. Na sequência, houve debate em grupos, “uma atividade interessante, que permitiu a troca de experiências e relatos na temática da Psicologia da Saúde, a partir de práticas desenvolvidas em Governador Valadares e região”, finalizou Maria Gabriela.

A LAPS foi fundada em 14 de janeiro de 2016, e atualmente conta com 16 ligantes, que representam os cursos de Fisioterapia, Medicina e Odontologia da UFJF-GV.