Pesquisador Marcone Oliveira conversou com os alunos do terceiro ano do ensino médio da Escola Estadual Antônio da Câmera pelo projeto “A Ciência que Fazemos”. (Foto: Renata Iarola)

O processo de fermentação da cerveja, a produção de telas digitais, a formação de um floco de neve e as diversas cores presentes nas roupas que vestimos. A princípio, tais fenômenos não aparentam ter nenhuma relação, no entanto, todos eles puderam ser debatidos a partir de um único tema: a Química presente no dia a dia.

Nesta quarta-feira, 7, o professor Marcone Oliveira, do Departamento de Química do Instituto de Ciências Exatas da Universidade Federal de Juiz de Fora (ICE/UFJF), conversou com os alunos do terceiro ano do ensino médio da Escola Estadual Antônio da Câmera. O encontro entre pesquisadores e alunos da Educação Básica faz parte do projeto de extensão “A Ciência que Fazemos”, desenvolvido pela Diretoria de Imagem Institucional da UFJF.

Um dos objetivos de Oliveira foi desconstruir a ideia estereotipada que os alunos normalmente podem ter sobre os pesquisadores. “Acham que eu sou de Humanas”, brincou ele em relação a um equívoco comum, mas demonstrou que para fazer ciência não é necessário ter cabelos em pé e cara de maluco.

O pesquisador apresentou ainda um pouco mais sobre os variados ramos da Química, áreas mais aprofundadas na universidade: Orgânica, Inorgânica, Físico-Química, Analítica e Educacional. Na escola, sobretudo ao chegar no ensino médio com a pressão do vestibular batendo à porta, os estudantes podem ter a impressão de que a Química é apenas cálculos estequiométricos. “ Eu sei que vocês adoram chegar na escola de manhã e contar mols”, brincou o professor. Os estudantes prontamente caíram na gargalhada, mas Marcone demonstrou que a Química vai além de cálculos. “Ela está em diversas esferas da vida cotidiana, e, às vezes, nem sequer nos damos conta”.

O cientista estabeleceu um diálogo, o que possibilitou ouvir os alunos, suas experiências pessoais com os processos químicos. Em um primeiro momento, os estudantes demostram uma costumeira timidez, mas o pesquisador provocou com um exemplo básico de onde a química está presente: na formação da vida.

“Como surgimos? Como nossos pais surgiram? Viemos da cegonha? ” Mais uma vez a sala se encheu de risadinhas abafadas. O questionamento, porém, foi suficiente para despertar o interesse dos alunos.

Marcone então explicou que a sobrevivência do embrião depende dos nutrientes adquiridos através do cordão umbilical. Tais nutrientes passarão por diversas reações químicas e serão responsáveis por fortalecer o embrião até o nascimento. Assim, quando finalmente o cordão for cortado, o bebê passará a encher os próprios pulmões de ar. O ar, por si só, também está repleto de química.

A partir daí, os estudantes sentiram-se mais confortáveis para refletir e debater com o professor os processos químicos que identificaram ao seu redor: desde a água que bebem, os remédios que tomam, até a poeira cósmica que os cercam.

A troca de ideias ajudou a desconstruir a formação de um conceito negativo da química, quando esta é relaciona a outros conceitos, como o de poluição, agrotóxicos, radiação, chuva ácida etc. Oliveira ressaltou que essas não devem ser as únicas temáticas exploradas, vista a imensidão de temas fundamentais que exploraram durante o bate-papo.

Para a aluna Kethleen Barros, a conversa foi muito útil para pensar no campo sob uma nova perspectiva. “Temos outra visão da química, então, com a palestra de hoje, pudemos abrir mais a mente, ao invés de ter medo da disciplina”.