Professor do ICB, Fábio Prezoto, levou aos alunos da Escola Sebastião Patrus curiosidades sobre a utilidade dos insetos para a ciência (Foto: Twin Alvarenga/UFJF)

Insetos estão em todas as partes. Crianças adoram perguntar “que bichinho é esse?” e os adultos quase nunca sabem responder o nome do tal bichinho. São tantos que nem os próprios entomologistas conseguem quantificar com precisão as espécies existentes. Sabe-se da importância de uma abelha, por exemplo, para a reprodução das plantas e produção do mel ou do bicho-da-seda para produção dos fios de seda, mas insetos podem ter uma utilidade peculiar que muitos desconhecem: ajudar a desvendar crimes. Nesta segunda-feira, 5, o professor do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Fábio Prezoto, contou aos alunos do segundo ano da Escola Estadual Sebastião Patrus de Sousa como isso é possível. A palestra é parte do projeto “A Ciência que Fazemos”, desenvolvido pela Diretoria de Imagem Institucional da UFJF.

A ciência resolve crimes
Os alunos que chegavam no auditório da escola comentavam baixinho o título “O inseto que resolveu um crime”, destacado no slide. Para entender como o professor havia se interessado por essa área, a apresentação começou com uma breve história pessoal. Criado em um sítio, o objetivo do pesquisador era cursar agronomia, mas já naquela época os insetos eram objeto de interesse, uma vez que a presença de alguns poderia indicar certos aspectos sobre a colheita que ainda estava por vir. Após uma desilusão com a área agrícola, ele decidiu cursar biologia.

“Quem já comeu seu inseto hoje?”, provocou o pesquisador. Os que estavam ali presentes se enojaram com a possibilidade de tal refeição, até que uma aluna gritou do fundo: “comi acidentalmente”, e alguns assumiram já ter feito o mesmo. “Bom, todo mundo aqui já comeu inseto!”, disse o professor. Acontece que, acidentalmente ou não, esse hábito é comum em alguns países e podem proporcionar uma quantidade de proteínas ao organismo humano ainda maior que o consumo de carne. Além disso, um dos problemas que pode ser resolvido com o auxílio dessas criaturas é a presença destes em produtos estocados. A partir de uma análise, pode-se constatar se um mosquito encontrado num chocolate, por exemplo, estava lá desde a produção, se apareceu no armazenamento do mercado ou se se infiltrou na própria casa do consumidor.

Fábio explicou que é a partir da entomologia forense que se pode resolver esses mistérios e esclareceu que isso significa “toda investigação feita para auxiliar na criminalística”, habitualmente utilizada para resolver casos de mortes. Uma vítima envenenada não terá seu cadáver colonizado por certos insetos necrófagos, revelando causa da morte. Pode-se descobrir também o local da morte de acordo com as espécies presentes no cadáver, extrair DNA de uma vítima irreconhecível, constatar a data de falecimento a partir de sucessão ecológica e até mesmo se foi uma morte violenta ou não – basta observar se existem insetos em orifícios não naturais. Ainda sobre o assunto, o pesquisador destacou que outra funcionalidade da área é investigar acidentes que envolvem quedas de árvores.

Informações novas
Para os alunos, foi uma surpresa descobrir que insetos podem auxiliar em investigações. O estudante Arilson da Costa disse que “não imaginava que eles poderiam ter uma importância tão grande”. O tema não agradou só os entusiastas por criminalística. A aluna Paula Rodrigues disse gostar da palestra por outro motivo: “Eu quero fazer medicina, então tenho que saber uma parte disso para entender algumas doenças nas pessoas”, declarou.

A professora de biologia Cristiane Costa assistiu a palestra com os alunos e também aproveitou o conteúdo. “Eu achei mais interessante a parte da investigação sobre alimentos que são contaminados por insetos. Eu não sabia que existia todo esse trabalho da entomologia dentro dessa investigação em relação à qualidade dos alimentos”, disse.

Projeto
O projeto “A ciência que fazemos” consiste em aproximar professores pesquisadores de alunos de escolas de ensino médio, incentivando o interesse dos estudantes pela ciência e pela Universidade, e mostrando a cada um que é possível ser cientista em todas as áreas do conhecimento.