Autor de livro que é referência na área de patologia, Geraldo Brasileiro Filho falou sobre a importância da ciência na formação dos estudantes e na prática médica. (Foto: Sebastião Junior)

“Sem conhecimento básico e avançado, ciência forte e desenvolvimento tecnológico nenhum povo pode prosperar de maneira duradoura”. A afirmação foi feita pelo professor Geraldo Brasileiro Filho na tarde da última quinta-feira, 25, no 1º Congresso de Patologia de Governador Valadares. Autor de livro de referência nacional na área, Brasileiro é um dos principais palestrantes do evento, que reuniu cerca de 160 pessoas – a maioria de estudantes – em seu primeiro dia de atividades.

O congresso é uma realização da Liga Acadêmica de Patologia (Lapat) do campus da Universidade Federal de Juiz de Fora em Governador Valadares (UFJF-GV). De acordo com a presidente da associação de estudantes, Leocádia Camila Zuba, o principal objetivo do evento é valorizar essa área da medicina. “A patologia, infelizmente, não tem uma valorização muito grande pelos acadêmicos. São poucas as pessoas que falam: ‘eu quero ser um patologista’. Então a gente queria fazer um evento grande para mostrar que a patologia tem a sua área. Ela é importante, todos precisam dela, todos precisam entender dela um pouco para entender as áreas, tanto a medicina, quanto a odontologia, a farmácia, entre outros cursos”, afirmou a discente do 12º período de Medicina do campus.

Da esquerda para a direita: o diretor do ICV, Ângelo Denadai, e o chefe do Departamento de Medicina da UFJF-GV, Héder Ribeiro. (Foto: Sebastião Junior)

Integrante da Lapat e um dos organizadores do evento, Felipe Freitas Lossilla, do 8º período de Medicina, explica que o congresso é uma “iniciativa conjunta” entre a liga e o professor Héder José Ribeiro. “Ele [Héder] tinha a intenção de criar esse evento desde 2014 e na ementa da nossa liga a gente tinha que criar um evento científico. Então a gente juntou essas duas ideias”. O estudante ainda ressalta que o congresso cumpre um dos objetivos iniciais da Lapat: “trazer um conhecimento importante para a comunidade e valorizar Valadares”.

Professor-coordenador da Lapat, Héder Ribeiro destacou a participação dos estudantes na organização do evento, idealizado para “proporcionar aos participantes um momento de grande aprendizado, pois os palestrantes são pesquisadores de renome nacional e internacional.”

O diretor do Instituto de Ciências da Vida (ICV) da UFJF-GV, Ângelo Denadai, classificou o congresso de patologia como “um momento bastante rico para a formação, não somente dos estudantes, mas também dos professores”. E completou: “Em eventos como esse nós temos a oportunidade de fazer ciência. Quantas informações nós trocamos? Quantas ideias surgem em situações como essa?”

A importância da ciência
Segundo Brasileiro, a escolha do tema de sua palestra levou em consideração dois aspectos: a abrangência, já que a ciência interessa aos alunos dos vários anos do curso; e a importância do assunto tanto na formação quanto no trabalho dos futuros profissionais. “A minha intenção e, ao mesmo tempo, a minha responsabilidade foi trazer alguma mensagem importante para eles [estudantes] a respeito da importância da ciência enquanto estão aprendendo para se tornar bons médicos e também depois, na prática médica cotidiana”, afirmou.

A palestra do professor emérito da UFMG José Carlos Nogueira teve como tema “Olho: Uma Visão Evolutiva”. (Foto: Sebastião Junior)

O autor falou também da relação entre conhecimento e educação. “A ciência e o desenvolvimento tecnológico estão muitos ligados, atrelados àquilo que a gente conhece como educação. Essas três coisas estão intimamente relacionadas e, sem qualquer dúvida, são o principal motor de desenvolvimento de qualquer povo, em qualquer tempo e em qualquer lugar.”

Brasileiro ainda destacou a função social da ciência. “O país já compreendeu que sem gerar conhecimento novo que possa ser transformado em alguma aplicação tecnológica, em algum benefício para a comunidade, realmente o país estaria deixando de cumprir um papel muito grande.”

O docente da UFMG Anílton César Vasconcelos também foi um dos palestrantes do primeiro dia do congresso. (Foto: Sebastião Junior)

Além de Brasileiro, outros dois renomados profissionais fizeram parte da programação do primeiro dia do congresso. O professor emérito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) José Carlos Nogueira, autor do livro Olho: Uma Visão Histológica, abordou o tema em sua palestra. Já o docente titular da UFMG Anílton César Vasconcelos falou sobre Autofagia e Apoptose da Modulação da Resposta Inflamatória.

As atividades do 1º Congresso de Patologia continuam nesta sexta-feira, 26, e no próximo sábado, 27, com minicursos, apresentação de pôster e palestras sobre diversos temas (confira a programação).

A Liga de Patologia
A Lapat foi fundada oficialmente no ano passado, mas desde 2014 já vinha desenvolvendo suas atividades, como apresentação de trabalhos em congressos.

A presidente da Liga Acadêmica de Patologia (Lapat), Leocádia Zuba (à direita), ajudando a recepcionar os participantes do evento. (Foto: Sebastião Junior)

Os focos de atuação são as patologias geral e médica. Cerca de 15 discentes do campus fazem parte da liga, que tem como professor-coordenador Héder Ribeiro, do Departamento de Medicina.

Apesar de concentrar-se na produção acadêmica, a Lapat também realiza atividades práticas, como a que desenvolveu recentemente com um grupo de caminhoneiros em Governador Valadares, que receberam orientações médicas e tiveram a pressão arterial aferida. Além disso, vários ligantes estão desenvolvendo um trabalho sobre os impactos da contaminação do Rio Doce.