O papel da comunicação no exercício da democracia foi discutido no último dia do Ecomig. (Foto: Twin Alvarenga)

O tema “Democracia e Comunicação: entre disputas e resistências” deu o tom de como iria se pautar o XI Encontro dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação Social de Minas Gerais (Ecomig). Realizado nos dias 18 e 19 de outubro, a proposta foi analisar o papel da comunicação no exercício da democracia. Para o encerramento do evento, a jornalista criadora do canal Papo de Preta, Maristela Rosa, mediou a mesa:  “Entre disputas e resistências: Em busca de representatividade”. A composição da mesa contou também com o professor da Facom e diretor de Imagem Institucional da UFJF, Márcio Guerra; a doutora Adenilde Petrina, uma das principais representantes do movimento negro de Juiz de Fora; e a doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFJF, Brune Coelho.

As discussões, bem como o restante do encontro, tiveram a Faculdade de Comunicação (Facom) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) como palco. Em seu momento de fala, Brune apontou as diferenças da visão em torno da mulher e da resistência feminina ao longo do tempo e questionou o espaço dado à livre expressão das mulheres. “Só gênero não dá conta, temos que pensar em classe, raça, em todos os processos que constituem esse sujeito. A partir daí, podemos pensar sobre o processo de hierarquização e de lugar de fala. Essa disputa de espaço e de poder está sempre em conflito, é necessário pensar e questionar em cima disso, conforme as demandas forem surgindo”.

Adenilde Petrina discursou sobre a história de sua militância pelos bairros periféricos de Juiz de Fora. Para ela, faltava autoconsciência das mulheres dessas áreas de seu próprio empoderamento. “Nas nossas lutas nas periferias de Juiz de Fora, a luta por representatividade era muito grande, mas a gente não tinha noção de que a briga era por empoderamento. E, em um contexto onde o empoderamento se dá pela estética, como que a periferia iria se sentir privilegiada? Nós vimos que temos que atuar com o coletivo, não adiantam apenas as conquistas individuais. E então percebemos que as mulheres das periferias já eram empoderadas, pois sempre eram elas que estavam na linha de frente para conseguir seus direitos, conseguirem ter uma vida digna para elas e para os filhos, mas ninguém pensava em se empoderar ou em ter representatividade, porque nossas lutas eram coletivas”.

O professor Márcio Guerra discursou sobre o trabalho de comunicação realizado na Diretoria de Imagem Institucional. Para ele, a discussão realizada na Ecomig é fundamental para a Universidade. “Eu acho que o papel de uma universidade pública é estar ao lado da democracia, estar ao lado de uma luta pelos direitos que foram conquistados na Constituição de 1988. Então, quando esses direitos são ameaçados, como nós estamos vendo agora, é importantíssimo discutir quais são as estratégias que nós temos usado, na UFJF. Como estamos enfrentando o conservadorismo e o que há de pior no ser humano, que é o egoísmo, que é a vontade de não ver o outro progredir? Fazemos essa reflexão especialmente com futuros profissionais que, hoje, estão se preparando para entrar no mercado de trabalho e precisam ter a consciência aberta para isso”.

Após o término da mesa de discussão, ainda foi realizada apresentação cultural das artistas Duda Masiero, Alessandra Crispin e Aline Nicollette que encerraram o XI Ecomig com poesias e músicas, ilustrando os assuntos debatidos ao longo dos dois dias de evento.

O Ecomig

Iniciado em 2008, o Encontro dos Programas de Pós-graduação em Comunicação de Minas Gerais é promovido pelos alunos da graduação e da pós-graduação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), além da UFJF. Os encontros anuais objetivam promover as pesquisas realizadas em âmbito estadual na área da comunicação.

Outras informações: (32) 2102-3616  (Programa de Pós-graduação em Comunicação)