Proposta é mostrar quem são as pessoas que se dedicam ao combate à intolerância (Imagem: Reprodução)

Proposta é mostrar quem são as pessoas que se dedicam ao combate à intolerância (Imagem: Reprodução)

O ex-aluno da Faculdade de Comunicação Social (Facom) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Yuri Fernandes, lança nesta quinta-feira, 18,  os cinco episódios da série em audiovisual “LGBT+60: Corpos que Resistem”. A proposta da produção é mostrar pessoas que se dedicaram – e ainda se dedicam – ao combate à intolerância, representando a diversidade sexual e de gênero da nossa sociedade. O conteúdo estará disponível no site e no canal do YouTube do projeto #Colabora.

Fernandes – responsável por todo o processo de apuração, pesquisa, roteiro e edição da série – explica que #Colabora é um projeto jornalístico sem fins lucrativos e com financiamento exclusivamente privado. “Apostamos na sustentabilidade muito além do meio ambiente. Acreditamos que o planeta só será sustentável se conseguir resolver, além dos problemas ambientais, suas mazelas sociais. Buscamos sempre a essência do jornalismo de qualidade.”

Sobre o processo de produção da série “LGBT+60”, o jornalista conta que foram oito meses de trabalho em quatro estados diferentes: Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Bahia. “O objetivo foi resgatar as lembranças de quem sentiu na pele as transformações do país relacionadas aos problemas que tocam diretamente o cotidiano de lésbicas, gays, bissexuais e transexuais (LGBT). A proposta era formar um importante recorte sobre a vida dessas pessoas, da infância até a terceira idade. Disponibilizaremos todos os episódios da série nesta quinta, 18. ”

As personagens da resistência

Os personagens das histórias são a jornalista e consultora em Direitos Humanos Yone Lindgren, 62 anos; o psicólogo e escritor João Nery, 68 anos; o escritor e dramaturgo João Silvério Trevisan, 74 anos; a dona de casa Martinha e a costureira Anyky Lima, ambas com 63 anos. “Em um país onde a expectativa de vida de trans e travestis é de 35 anos, as duas últimas personagens representam quase uma raridade. As memórias mais chocantes e emocionantes surgiram quando os entrevistados relataram fatos que aconteceram na época da Ditadura Militar. Martinha, por exemplo, carrega na pele as marcas da violência policial da época. Os cinco idosos dão uma aula sobre resistência, perfeita para o atual cenário em que estamos vivendo, onde notícias de ameaças, agressões físicas e verbais contra a comunidade LGBT estão cada vez mais frequentes em decorrência do fanatismo político”, destaca Yuri Fernandes.

O jornalista acrescenta o quão relevante para as novas gerações é a resistência dos LGBT da terceira idade. “São sobreviventes que não se calaram diante de todas as barreiras que enfrentaram durante a vida. Resistem desde quando eram crianças e adolescentes ao se assumirem para a família e para a sociedade em uma época em que a temática era pouco discutida. E mesmo décadas depois, ainda sofrem o preconceito por serem idosos LGBTs. Enquanto alguns acabam voltando para o ‘armário’, eles conseguiram fugir dessa triste realidade. Se hoje, nós, LGBTs, podemos caminhar de mãos dadas e beijar em público é graças a essa geração. Eles colocaram a cara, literalmente, à tapa e não desistiram”, ressalta.

A formação na UFJF

Yuri Fernandes foi aluno da Facom/UFJF entre os anos de 2012 e 2016

Natural de Ipatinga (MG), Yuri Fernandes foi aluno da Facom/UFJF entre os anos de 2012 e 2016, e formou-se também em Roteiro de Cinema e TV pela Academia Internacional de Cinema. Ainda na Universidade começou a trilhar o caminho do audiovisual na Produtora de Multimeios. Antes de atuar como jornalista do projeto #Colabora, passou pelas redações do “Bom Dia Brasil” e do “Fantástico”.

Já no primeiro período do curso de Jornalismo, passei a ser voluntário da Produtora de Multimeios, onde entrei como cinegrafista. Depois, já como bolsista, ocupei também as funções de produtor, repórter e editor do programa Mosaico. Foram dois anos de Produtora, dois anos essenciais para minha formação acadêmica e profissional. Graças ao aprendizado adquirido nesses anos, consegui um estágio na TV Integração, de Juiz de Fora, e posteriormente na Globo Rio, onde fiquei até o início de 2017. E hoje, ainda sinto o peso dos conhecimentos proporcionados pela Facom e Produtora no meu currículo. Serei eternamente grato.”

Para o diretor da Produtora de Multimeios, Márcio Guerra, é um orgulho para a Universidade ter um talento como Yuri trabalhando em um projeto com tema de tamanha importância. “Essa oportunidade de compartilharmos a produção do Yuri em nossos portais é muito importante, porque amplia a defesa intransigente da Universidade pela diversidade e pelo respeito à diferença em um momento em que esses direitos e conquistas vêm sendo ameaçados. Ao mesmo tempo, mostra a excelência na formação de nossos alunos, especialmente da Facom, e mais em especial aqueles que passam pela Produtora de Multimeios e desenvolvem técnicas e talentos muito importantes no audiovisual”, ressalta.