Ao todo serão dez encontros, que acontecem às quartas-feiras (Foto: Iago de Medeiros)

“Tanto o usuário de droga quanto o portador de transtorno mental – o chamado louco – historicamente sempre foi encarcerado, pela via manicomial ou pela via do proibicionismo”, conta o professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Marco José Duarte, responsável por ministrar o curso de extensão “Saúde Mental, Drogas e Atenção Psicossocial”.

Duarte tem experiência de mais de três décadas atuando na área de saúde mental e drogas. Ele lembra que a tendência da sociedade é regular tudo o que é considerado diferente e, por isso, surgiram instituições para tratar pessoas com transtornos mentais. O modelo de atenção psicossocial, abordado no curso de extensão, é um substitutivo do modelo manicomial e trabalha através da articulação com vários setores, desmitificando a necessidade do aprisionamento. “Quando a gente fala em destruir o manicômio, estamos falando em destruir caixinhas normativas”, conclui.

As aulas começaram no mês passado e terminam no dia 14 de novembro. Ao todo serão dez encontros, que acontecem às quartas-feiras, das 18h às 22h. Duarte explica que o curso exige muita leitura e reflexão dos participantes, que são divididos em grupos para apresentar os textos indicados e guiar a discussão. Os primeiros temas trabalhados foram “Introdução à constituição histórica do campo da saúde mental” e “modelos reformadores internacionais, movimento da luta antimanicomial e reforma psiquiátrica: o caso brasileiro”.

Nesta quarta-feira, 3, debateu-se a política de saúde mental no Brasil. Ainda serão levantadas discussões sobre a política de drogas no Brasil, as estratégias de atenção psicossocial, a territorialização do cuidado e, ainda, abordagens críticas no campo da saúde mental e drogas, apontando os avanços e retrocessos na área.

Marcela Mendes Sales estuda saúde mental e trabalho no Mestrado de Serviço Social e enxerga o curso de extensão como uma possibilidade de auxílio na pesquisa, além de considerar essencial para uma formação profissional completa. “Essa discussão é fundamental para que os profissionais não saiam da faculdade despreparados para lidar com o tema no cotidiano”.

As vagas foram abertas para os residentes, preceptores e tutores multi em Saúde Mental da UFJF, além de profissionais que atuam na Rede de Atenção Psicossocial (Raps) do SUS, contemplando profissionais de áreas diversas como saúde, serviço social, segurança pública e educação. Duarte lamenta a quantidade de inscritos que ficaram na lista de espera e manifesta a intenção de realizar outros cursos voltados para a temática e destaca que, no momento, a prioridade do curso é fornecer capacitação para os trabalhadores da Rede através de uma lógica de educação permanente.

Formada há 11 anos, a assistente social Juliana Furtado começou a trabalhar no Centro de Atenção Psicossocial (Caps) em dezembro e se inscreveu no curso justamente em busca de capacitação para aprimorar sua atividade profissional, adquirindo conhecimento sobre saúde mental. “O curso é uma forma de aprender mais sobre a área através das discussões com os colegas e com o Marco, que é uma referência em Saúde Mental. Conhecer é muito importante para gente não reproduzir o senso comum”, diz.

Outras informações: (32) 2102- 3561 – Faculdade de Serviço Social