Em meio à campanha mundial “Setembro Amarelo”, que alerta para índices preocupantes de suicídio no Brasil – quarta maior causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos – o Grupo de Estudos e Pesquisas Avançadas em Enfermagem (Gepae) desenvolve pesquisa sobre níveis de ansiedade e depressão em estudantes da área da Saúde. O objetivo do estudo é levantar dados dentro da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e, a partir deles, possibilitar reflexões sobre índices emocionais que podem gerar o adoecimento psíquico de acadêmicos.

A pesquisa se dará por meio de coleta de informações junto a alunos dos cursos de Enfermagem, Medicina, Psicologia, Serviço Social, Educação Física, Ciências Biológicas, Nutrição, Fisioterapia, Odontologia e Farmácia. O levantamento, que se inicia na última semana de setembro, vai apontar dados sobre os níveis de ansiedade e depressão entre os acadêmicos para avaliar correlações com dados sócios-demográficos.

Coordenador do Gepae, o professor da Faculdade de Enfermagem, Fábio Carbogim, afirma que a pesquisa surgiu do grande número de relatos de adoecimentos psíquicos que chegaram até o grupo. “O trabalho surgiu a partir do que a gente tem visto de casos de depressão e ansiedade por conta da alta demanda de produtivismo. E, então, surgiu a necessidade de ampliarmos nossos estudos e fazer esse levantamento dentro da UFJF a respeito desses níveis de ansiedade e depressão”.

“A gente sabe que o final da adolescência e o início da vida adulta são marcados por transformações que ocasionam uma carga emocional muito grande. E, dentro das várias questões, nós temos a entrada desses jovens na Universidade em busca de realizações profissionais. Chegando na realidade do mundo acadêmico e, muitas vezes, tendo que conciliar a demanda universitária com suas necessidades econômicas, o jovem se depara com ansiedade intensa, que pode se tornar um processo mais complexo como a depressão”, avalia o professor que ainda destaca que a literatura aponta que 25% dos estudantes de terceiro grau apresentam algum grau de comprometimento da saúde mental.

Inicialmente de caráter observacional, o Gepae planeja utilizar os levantamentos para articular políticas de intervenção ao adoecimento psíquico junto à Universidade, como afirma Carbogim. “Nossos dados irão fazer um levantamento de como estão os nossos estudantes da UFJF. Assim, futuramente, a gente pensa em articular, junto à pró-reitoria, estratégias para a redução desses níveis de ansiedade. E, junto com a gente, nós temos a psicóloga Isabel Cristina Weiss, que tem trabalhado com alternativas de redução de estresse, ansiedade e depressão, e nos auxilia na análise e discussão dos dados”.

Com dados recentes do Ministério da Saúde apontando alta de 2,28% nos índices de suicídio no Brasil de 2016 para 2017 – com dados reais podendo ser até 20% maior por conta da dificuldade em identificar casos de auto-extermínio – o cenário preocupa o pesquisador, que avalia o papel central da enfermagem na prevenção aos transtornos mentais. “A enfermagem, como uma profissão da área da saúde, tem um papel primordial na prevenção e na promoção da saúde, que não é apenas física, mas também a psíquica e emocional. São trabalhos interdisciplinares que envolvem outras áreas. Dessa forma, a gente acredita que a pesquisa gera evidências científicas e direciona para a possibilidade de intervenções nesses processos”.

Outras informações: Página do Gepae no Facebook.