A acadêmica Diana diante da banca examinadora na defesa da dissertação “Relações de parentesco, vizinhança e compadrio na freguesia agro-mineradora de Catas Altas (1712-1742)” (foto: Iago de Medeiros/UFJF)

As relações de compadrio e parentesco do século XVIII provocaram mudanças na formação e na consolidação das comunidades brasileiras. Para identificar e compreender as dinâmicas que envolveram esse processo, a acadêmica Diana Fernanda Vaz de Melo Santos realizou a sua pesquisa de mestrado no Programa de Pós-Graduação em História, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). A investigação teve como foco a população do município de Catas Altas (MG).

Diana explica que o compadrio no contexto do Antigo Regime possibilitou a aproximação do relacionamento entre os grupos de diferentes estratos sociais. Os vínculos criados se caracterizavam por alianças com impactos afetivos, econômicos e sociais para a cidade. De acordo com a pesquisadora, a localidade foi escolhida a partir dos critérios de qualidade das fontes primárias, da disponibilidade e da relevância histórica da temática. Ela esclarece, ainda, a definição específica que norteou a análise: “a pesquisa trabalha o conceito de reciprocidade, onde os mecanismos de solidariedade eram determinados por um projeto social baseado na justiça distributiva e em uma rígida hierarquização, na qual quem garantia o funcionamento ou a mediação dessas relações sociais era a Igreja em seu papel de tutora.”

Para entender essas relações, a pesquisadora consultou os registros de batismo da paróquia Nossa Senhora da Conceição de Catas de Altas. Dessa forma, foi observada a construção dos perfis sociais e culturais dos habitantes entre os anos de 1721 e 1742; em um segundo momento, ela fez uma comparação com pesquisas historiográficas distintas, de maneira analítica. “Os dados foram confrontados com estudos sobre outras localidades e questões como a família escrava, a legitimidade dos batizandos filhos de mulheres livres, escravas ou forras, o batismo realizado em casa e o batismo de escravo adulto foram expostas e discutidas, o que forneceu contornos à construção do perfil social dos habitantes de Catas Altas no século XVIII”, destaca.

Aplicações

Os resultados da pesquisa documental oferecem informações importantes sobre o período histórico. Além disso, explicita como o batismo influenciou no relacionamento entre os portugueses e  os nativos em Minas Gerais. “Para entendermos as relações de compadrio no Brasil Colonial, especificamente nas Minas setecentistas, toca-se no conceito de família (consanguínea ou não) e em como os grupos familiares mais alargados se articulavam na comunidade. Em uma terra repleta de possibilidades, mas, ao mesmo tempo, com pessoas vindas de diversas áreas do país e do Império Português, o compadrio ou o casamento podiam servir de elo de ligação”, reforça Diana.

Quanto às perspectivas sociais, a acadêmica avalia que o estudo contribui na compreensão do emaranhado das relações coletivas e econômicas que formaram uma identidade local e, no sentido abrangente, nacional. Para ela, o estudo também ganha relevância pelo fato de analisar a ligação direta ou indireta entre a população, as disputas de poder, de gênero e o status que o apadrinhamento alcançava. “A instituição do batismo podia ser usada como uma estratégia social para obtenção de distinções de hierarquia e de poder; podia também ser empregada como um instrumento de grande importância para formação de redes e conexões sociais. Além de ter reflexos como um artifício de proteção social, de consolidação da comunidade, de vínculos de reciprocidade, relações clientelares, entre outros.”

Contatos:
Diana Fernanda Vaz de Melo Santos (mestranda)
dianavazdemelo@gmail.com

Carla Maria Carvalho de Almeida (orientadora – UFJF)
carlamca@uol.com.br

Banca examinadora:
Prof.ª Dr.ª Carla Maria Carvalho de Almeida (orientadora – UFJF)
Prof.ª Dr.ª Mônica Ribeiro de Oliveira (UFJF)
Prof. Dr. Roberto Guedes Ferreira (UFRRJ)

Outras informações: (32) 2102-3129 – Programa de Pós-Graduação em História