Estudantes do 9° ano da Escola Municipal Tancredo Neves conversaram – e aprenderam – com visita do pesquisador Nathan Barros (Foto: Rafael Rezende)

O que se encontra dentro de um simples copo d’água? O que existe além do que os nossos olhos podem enxergar? Por todos os lados existem milhões de microrganismos (como bactérias, protozoários, algas e fungos) vivendo entre nós e, muitas vezes, dentro de nós. Um universo completamente invisível a olho nu, mas que traz consequências que garantem – ou condenam  – nossa vida na Terra.

Os alunos do 9º ano da Escola Municipal Tancredo Neves receberam, nesta segunda-feira, 17, o pesquisador do Laboratório de Ecologia Aquática do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Nathan Barros, com a palestra “O incrível mundo invisível”. O encontro é uma iniciativa do projeto “A ciência que fazemos”, criado pela coordenação de Divulgação Científica da Diretoria de Imagem Institucional. Um dos objetivos é trazer para dentro das escolas, de forma lúdica e descontraída, uma fração dos estudos de pesquisadores da UFJF, para mostrar para os alunos que a ciência está mais próxima deles do que imaginam.

Nathan Barros despertou a curiosidade dos estudantes (Foto: Rafael Rezende)

Nathan começou sua exposição revelando que também estudou em uma escola pública quando era pequeno e passou por muitas dificuldades, mas afirmou que a paixão pelos estudos sempre esteve presente. Depois de querer ser jogador de futebol e formar-se como técnico agrícola, o pesquisador se encontrou na biologia. “O fundamental é mostrar para os alunos que eles não tem que ter uma ideia clara sobre o que querem fazer agora. Temos experiências na vida que nos mostram caminhos que nunca poderíamos imaginar que iríamos traçar. Eu nunca pensei que eu seria biólogo, porque eu não sabia o que um biólogo fazia, até o dia que me apresentaram a biologia”, revela. E foi exatamente isso que Barros fez: apresentou aos alunos a oportunidade de entrar em contato com um microscópio pela primeira vez, possibilitando um verdadeiro mergulho no extenso mundo invisível dos zooplâncton e das cianobactérias, organismos microscópicos que, embora minúsculos, podem influenciar diretamente a vida humana.

“Eu tentei mostrar experiências novas para aqueles que não conhecem pudessem ter a oportunidade de se deparar com algo que desperte a sua curiosidade”, relata Barros. E o resultado foi exatamente esse. Os olhares atentos e vidrados nos pequenos vidros, que traziam em si esse universo inexplorado por esses jovens, mostravam curiosidade. Ao serem chamados para verem os microorganismos pelas lentes do microscópio, a animação tomou conta do lugar. Cada aluno que sentava para enxergar esse novo mundo, se levantava com uma observação: “Eles tem pequenos flagelos!”, “Eles são pretos por dentro!”. Cada um apresentava resultados de sua ligeira análise empírica.

Alunos se mobilizaram para explorar o microscópio trazido pelo pesquisador da UFJF (Foto: Rafael Rezende)

Aposta em nossos – possíveis – futuros cientistas
Segundo o vice-diretor da escola Carlos Henrique, “esses tipos de momento mostram para os alunos os tipos de atividade que os professores desenvolvem na universidade e como que eles podem ter acesso, e mostram as opções que eles têm”. A Escola Municipal Tancredo Neves e a UFJF são praticamente vizinhas. Para Carlos, projetos como o “A ciência que fazemos” mostram para os alunos que pesquisas de diversas áreas estão sendo realizadas perto deles, ampliando os seus horizontes e oferecendo um leque de possíveis assuntos para aprenderem e estudarem.

Além de poder compartilhar um pouco de sua experiência, Nathan Barros também realça a parcela informativa de sua visita. Em sua exposição, o pesquisador deu destaque a toxicidade das cianobactérias. O excesso de nitrogênio e fósforo na água de esgotos não tratados se tornam nutrientes para essas bactérias. Em grande quantidade, elas produzem toxinas nocivas a saúde dos animais. “Muita gente já morreu por causa disso e ainda existem certas lacunas no conhecimento de como lidar com esse problema de saúde pública. Trazendo isso para escola, esses jovens serão um mecanismo para espalhar esse conhecimento”, revela.

No fim da experiência, uma das alunas, Ágata Almeida, disse que “adora oportunidades como essa, apesar de biologia não ser a área que eu quero seguir, achei muito legal”. Ela revela que seu sonho é fazer faculdade de gastronomia e uma oportunidade como a do projeto “A ciência que fazemos” faria com que se apaixonasse mais ainda pelo mundo gastronômico.

Quando todos os alunos do 9º ano já estavam se dirigindo para o intervalo, um grupo de alguns estudantes mais novos foi tomado pela curiosidade ao verem um microscópio ao lado do pátio. Foram se aproximando e, um por um, iam descobrir o que estava escondido por trás daquelas lentes. No meio do grupo, estava Jussara Gabriela, do 7º ano, que disse prontamente: “quando eu crescer, eu quero ser bióloga!”. A curiosidade, elemento indispensável para se fazer ciência, estava ali, presente em cada um dos estudantes, dos mais novos aos mais velhos. A visão do novo contagiava cada um deles e a vontade de explorar aquele mundo brilhava em seus olhos.