Bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul é uma das mais importantes do país (Foto: Divulgação/ANA)

A Bacia do Rio Paraíba do Sul – responsável por abastecer cidades do estado de São Paulo, Minas Gerais e do Rio de Janeiro – fornece água para o consumo dos moradores, a irrigação de alimentos, a pecuária, a indústria e a geração de energia elétrica. O fato de os recursos hídricos serem direcionados para usos múltiplos, faz com que a gestão dessas águas se torne cada vez mais complexa de ser desempenhada. O rico ecossistema da região sofre com o desmatamento e o lançamento indiscriminado de água de esgoto nos rios da bacia. Além disso, a poluição e escassez dos recursos hídricos da região nos últimos anos preocupa estudiosos da área.

Com o objetivo de instigar a troca de conhecimentos entre pesquisadores, alunos e profissionais que estudam a gestão de recursos hídricos e procuram melhorar as condições nas quais a bacia se encontra, acontece do dia 27 a 29 de agosto o III Simpósio de Recursos Hídricos da Bacia do Rio Paraíba do Sul realizado pelo Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). O evento conta com pesquisadores do Brasil inteiro, promovendo discussões sobre quais seriam as melhores formas de lidar com esses recursos.

Pesquisadores rechearam o salão para acompanhar palestra que deu início ao simpósio (Foto: Alexandre Dornelas/UFJF)

Palestra inaugural: desafios atuais e futuros
Dando início ao evento, o Ritz Plaza Hotel recebeu, às 9h desta última segunda-feira, 27, o Vice-presidente do Comitê de Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul (CEIVAP), Matheus Cremonese. Sua fala apresentou um breve diagnóstico da bacia hidrográfica do Paraíba do Sul, além de expor os projetos e ações desenvolvidas pelo CEIVAP, apontando, inclusive, os principais desafios referentes à gestão dos recursos hídricos nesta que pode ser considerada uma das bacias hidrográficas mais importantes do país. Cremonese destaca que os planos para o gerenciamento dos recursos são de médio a longo prazo: “trabalhar com essa realidade de restauração e conservação não é simples. Precisamos conhecer muito bem cada região e cada tipo de ação. Isso demanda tempo.”

Segundo o professor, um dos grandes desafios é procurar o equilíbrio desses recursos e evitar os extremos: a escassez e as cheias severas. “Além da falta d’água, a abundância também é um problema sério, porque se esses recursos não forem reservados e direcionados para abastecimento e produção de energia, problemas como assoreamento podem ocorrer.” Para que esse e outros desafios sejam superados, é necessário ampliar a gama de projetos e de mais equipes capacitadas para isso.

André Luis Marques afirmou que encontrar mecanismos que garantam a sustentabilidade é o maior desafio atual e futuro (Foto: Alexandre Dornelas/UFJF)

Logo após da fala de Cremonese, o Diretor da Associação Pró-Gestão das Águas da Bacia Hidrográfica do rio Paraíba do Sul (Agevap), André Luis Marques, iniciou sua apresentação. Marques começou sua fala relembrando o ano de 2014, quando a Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul vivenciou uma estiagem severa, até então nunca registrada. Esta crise gerou um grande aprendizado para todos os atores do sistema de recursos hídricos. Segundo André, “encontrar os mecanismos, e ferramentas de planejamento para garantir a sustentabilidade hídrica, parece ser o principal desafio atual e futuro”.

Outro posicionamento do diretor foi de acordo com a terminologia do problema. Marques destaca que utilizar o termo “crise hídrica” para um curso de água do porte da Bacia do Rio Paraíba do Sul é um tanto quanto inadequado. Segundo ele, não tivemos crise hídrica, tivemos problemas técnicos e de gestão. Além disso, destaca a falta de comunicação entre os estados onde a bacia se encontra como um dos problemas de gerenciamento. “Os estados precisam conversar entre si para planejar a gestão desses recursos”, afirma. Por fim, apresentou como alguns dos principais pontos para a segurança futura da bacia a reabilitação das áreas degradadas, a melhoria da performance dos sistemas de água, o uso sustentável de água subterrânea, o desenvolvimento de novas fontes alternativas e a eficiência de uso e reuso desses recursos.

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