Pró-reitor Marcos Freitas e vice-reitora Girlene Alves participaram do evento (Foto: Alice Coêlho)

Os problemas de saúde mental dentro do ambiente acadêmico foram tema de discussão no 1° Seminário de Serviço Social na Assistência Estudantil realizado na terça-feira, dia 14. Estudantes, professores e assistentes sociais de diversas instituições ouviram especialistas na área sobre o assunto. A iniciativa foi organizada pela Pró-Reitoria de Assistência Estudantil (Proae) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), com o objetivo de atender as demandas percebidas pelas assistentes sociais do setor.

Segundo o pró-reitor de Assistência Estudantil, Marcos Souza Freitas, a intenção é realizar outros eventos com foco nas necessidades dos alunos. “O seminário é uma maneira de a Universidade dizer: ‘vamos discutir e aprender juntos’. Não dá para criar ações mirabolantes sem dialogar antes com o estudante.” A vice-reitora da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Girlene Alves da Silva, destacou a necessidade de garantir uma política institucional que se preocupe com a saúde mental da comunidade acadêmica. “A universidade pública não pode se intimidar ao falar sobre saúde mental. Propor um momento para discutir a temática é, também, assumir um compromisso com nossos estudantes, professores, e TAEs.”

O olhar dos especialistas

A mesa de discussão sobre saúde mental na Universidade contou com a psicóloga, psicanalista e doutoranda em Educação, Rita Almeida; e o doutor em Serviço Social, Marco José de Oliveira Duarte. Na conversa, mediada pelo assistente social da UFJF, Luis Carlos de Souza Junior, os especialistas abordaram as dificuldades de trabalhar a saúde mental dentro da estrutura acadêmica.

Rita apresentou a questão sob o viés da psicanálise, usando como base o texto clássico de Freud “o mal-estar na civilização”. A pesquisadora explicou que é necessário pensar a saúde mental de forma coletiva, afastando a ideia de que é algo individual e restrito ao discurso biológico. Nesse sentido, destacou que o contato com o outro é essencial para que o ser humano consiga lidar melhor com o mal-estar, logo, todas as atividades que promovem algum tipo de laço fortalecem a saúde mental, como terapias, atividades religiosas e grupos de apoio. “Se eu penso a saúde mental como uma questão política, então a universidade tem um compromisso com isso.”

Duarte reforça o posicionamento defendido por Rita, ressaltando que a problemática da saúde mental é um ponto comum em todas as universidades brasileiras e, portanto, deve ser visto como algo associado ao modo de produção capitalista. “A estruturação produtiva na esfera social também se expressa na lógica institucional.” O pesquisador criticou a exigência à adaptação a um modelo pré-estabelecido para atender as cobranças acadêmicas. “Eu quero produzir vida, e para produzir vida é preciso atender cada um de forma singular, porque a vida se produz na diferença”, concluiu Duarte.

Outras informações: (32) 2102-3777 (Pró-reitoria de Assistência Estudantil)