Para analisar a experiência de adoecimento e o sofrimento de mulheres avaliadas com depressão, a acadêmica Angela Maria Corrêa Gonçalves desenvolveu a tese de doutorado “Prevalência de depressão e fatores associados em mulheres atendidas pela Estratégia de Saúde da Família”. A partir dessa temática, a pesquisa analisou o quadro de 1958 mulheres, de 20 a 59 anos, atendidas na atenção primária em áreas cobertas pela Estratégia de Saúde da Família de Juiz de Fora. O estudo foi apresentado no Programa de Pós-graduação em Saúde, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

“Embora a depressão seja um transtorno cada vez mais impactante na qualidade de vida da população brasileira, é um tema pouco abordado e discutido no âmbito da atenção primária à saúde”, observa Angela sobre sua motivação em investigar a problemática. A acadêmica avalia ainda que, “muitas vezes, as ações dos profissionais de saúde se reduzem ao tradicional processo ‘queixa-conduta’ e medicalização, sem conseguir contemplar a prevenção de adoecimentos e promoção de saúde”.

A distinção entre tristeza e depressão também foi abordada. A acadêmica explica que vários fatores contribuem para essa diferenciação, mas o principal é a duração de cada um dos problemas. “A tristeza é um sentimento humano normal, é uma resposta à frustração, decepção, perda ou fracasso e dura pouco tempo. Já a depressão persiste por mais de três semanas e é uma doença com sintomas físicos e psíquicos claros e intensos.”

De acordo com Angela, o recorte em relação às mulheres foi feito por essas serem mais vulneráveis ao problema, apresentando o dobro do número de casos em relação aos homens. “A incidência maior da doença se dá entre os 20 e os 40 anos, justamente no auge da vida profissional”. A análise foi feita de forma transversal a partir da aplicação de questionários com variáveis sociodemográficas, apoio social, autoavaliação de estado de saúde, estilo de vida, morbidade e saúde da mulher. Além disso, as mulheres também passaram por entrevistas em que puderam contar sua história.

A pesquisa encontrou a prevalência de depressão em 19,7% das mulheres em análise, e os fatores associados foram a baixa escolaridade, o fato de estar trabalhando atualmente e ter doença mental prévia. Segundo a acadêmica, fatores de proteção também foram identificados, como ser casada ou viver com companheiro, realizar atividades físicas regularmente e relatar autoavaliação positiva de saúde.

Para a professora orientadora, Maria Teresa Bustamante Teixeira, o estudo aponta a necessidade de um cuidado especial na atenção primária à saúde das mulheres. “O cuidado na saúde mental é uma questão ainda negligenciada, o que repercute na inviabilização da construção de uma rede de atenção articulada à rede de saúde em geral. Os resultados encontrados contribuem para subsidiar ações de promoção da saúde e controle da depressão na Atenção Básica.”

Contatos:
Angela Maria Corrêa Gonçalves (Doutoranda)
gelagon@oi.com.br

Maria Teresa Bustamante Teixeira (Orientadora)
teitabt@hotmail.com

Banca avaliadora:
Profª. Drª. Maria Teresa Bustamante Teixeira (UFJF)
Prof. Dr. Jairo Roberto, de Almeida Gama (UFJF)
Profª. Drª. Andreia Aparecida de Miranda Ramos (UFJF)
Prof. Dr. Marcelo da Silva Alves (UFJF)
Profª. Drª. Teresa Cristina Soares (UFJF)
Profª. Drª. Elaine Teixeira Rabelo (UERJ)

Outras informações: (32) 2102-3848 – Programa de Pós-graduação em Saúde