A professora Lúcia Fraga estuda a hanseníase na região de Governador Valadares. (Foto: Sebastião Junior)

A professora Lúcia Fraga estuda a hanseníase na região de Governador Valadares. (Foto: Sebastião Junior)

Contagiosa, crônica e de difícil diagnóstico, a hanseníase é uma das doenças infecciosas que mais geram incapacidades físicas na população. O Brasil é o segundo maior em número de casos registrados no mundo – só perde para a Índia. Segundo o Ministério da Saúde, de 2012 a 2016, o país detectou 152 mil novos doentes. A região de Governador Valadares ocupa o quarto lugar em incidência de hanseníase no território nacional (ela integra um dos dez clusters, espécie de agrupamento dos locais do país onde a patologia é diagnosticada).

A alta taxa de ocorrências chamou a atenção da docente do campus avançado da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF-GV), Lúcia Fraga, que em 2013 criou o Núcleo de Pesquisa em Hansenologia (NuPqHans). O grupo realizou na última quarta-feira, 26, o terceiro workshop sobre a doença, com palestras dos professores de Valadares Rafael Gama e Pedro Marçal e das pesquisadoras Bailey Conner e Cori Dennison, da universidade norte-americana Emory, com a qual a UFJF-GV mantém parceria desde 2016.

O workshop, de acordo com Lúcia Fraga, faz parte do planejamento do núcleo de, pelo menos uma vez por ano, realizar encontros para debater e trocar experiências sobre os avanços e desafios no estudo da hanseníase.

O terceiro workshop de hanseníase discutiu os principais avanços no estudo da doença. (Foto: Sebastião Junior)

O terceiro workshop de hanseníase discutiu os principais avanços no estudo da doença. (Foto: Sebastião Junior)

O trabalho do NuPqHans
Doutora em Imunologia, Fraga afirma que o principal objetivo do grupo é a identificação precoce da hanseníase. Ela explica que, como o diagnóstico é “essencialmente clínico e difícil de fazer”, é preciso buscar novas formas laboratoriais de complementá-lo. Por isso, o NuPqHans visita comunidades da região de Governador Valadares para orientar as pessoas sobre as formas de transmissão e tratamento da doença. Além disso, coletam e analisam material biológico, como urina e sangue.

Outra preocupação do núcleo é o combate ao preconceito sofrido pelas pessoas com hanseníase – que na Idade Média já foi associada à “impureza”. Lúcia reconhece que o “estigma ainda existe em relação à doença”, mas atualmente de uma forma diferente, devido ao tratamento e à possibilidade de cura.

Apesar da atuação dos estudantes da graduação, mestrado e doutorado, e pesquisadores da UFJF-GV que compõe o NuPqHans, o surgimento de novos casos é uma constante preocupação do grupo.

Barley (Foto: Sebastião Junior)

Bailey Conner, da universidade Emory, foi uma das palestrantes do evento (Foto: Sebastião Junior)

“A gente percebe que há uma queda na prevalência, mas o que preocupa muito é que o número de casos novos continuam surgindo. Esse fator que detecta a taxa de casos novos não está diminuindo significativamente como a prevalência. Significa que tem gente que não foi diagnosticada e está transmitindo a doença. As pessoas estão transmitindo sem saber que estão doentes”, explica Lúcia Fraga.

 

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