A alegria de uma aprovação em curso superior é acompanhada da expectativa de novas experiências, caminhos a percorrer, novos amigos e, em muitos casos, leva o calouro à mudança de cidade e adaptação em um ambiente diferente. Pensando nas dificuldades de socialização e integração enfrentadas pelos alunos, a Pró-reitoria de Assistência Estudantil (Proae) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) inicia o Projeto “Roda Viva”, visando a contribuir com este acolhimento de estudantes que estão chegando na Instituição. Além disso, a iniciativa possibilita a criação de novos laços, a troca de experiências, de conhecimentos e a redução da evasão acadêmica.

Dados de 2016 fornecidos pelo Centro de Gestão do Conhecimento Organizacional (CGCO) mostram que, dos 16 mil estudantes ativos na Universidade, cerca de 8 mil não são de Juiz de Fora, indicando que mais da metade dos estudantes da UFJF vêm de outras cidades de Minas Gerais e outros estados, isso sem contabilizar os alunos de outros países.

O pró-reitor de Assistência Estudantil e idealizador do projeto, Marcos Freitas, destaca que este tipo de programa aproxima os alunos e ajuda a criar um ambiente saudável e efetivamente acolhedor, para que o calouro não se sinta perdido ou isolado na Universidade. “O Roda viva é um grande projeto de acolhimento em que o acolhedor é o estudante veterano e o acolhido é o novo estudante, o calouro, em especial aquele que vem de outra cidade. A ideia é que esse estudante que está chegando e começando uma nova vida possa contar com o aluno que já viveu essa experiência, tanto para orientá-lo nas questões do dia a dia quanto no campo acadêmico e institucional, como uma espécie de tutor.”

“O Roda viva é um grande projeto de acolhimento em que o acolhedor é o estudante veterano e o acolhido é o novo estudante, o calouro, em especial aquele que vem de outra cidade” Marcos Freitas

Assistente Social da Proae e também envolvido no projeto, Olavo Augusto Pereira,  diz que ação está pautada na solidariedade dos alunos veteranos que irão se dispor a acolher os recém-chegados. “Os veteranos que se solidarizam com as dificuldades que passaram ao chegarem num ambiente novo, tanto acadêmico quanto geográfico, desenvolvem esta generosidade e uma consciência com quem está vindo”.

Como funciona o “Roda Viva”?

Estudantes a partir do segundo período de todos os cursos presenciais oferecidos pela UFJF podem se inscrever para tornar-se acolhedor, bastando o preenchimento do formulário disponível no site da Proae e o aceite das responsabilidades de estudante-acolhedor.

Após a análise dos dados recebidos, a Proae disponibiliza também em sua página o contato de e-mail dos acolhedores, a fim de que os calouros que se coloquem predispostos encontrem o auxílio. “O acolhido pode priorizar veteranos de outros cursos, mas o ideal é de que busquem estudantes do mesmo curso por conta das afinidades acadêmicas”, orienta Olavo Augusto.

A iniciativa propõe manter o contato, a integração, o fornecimento de informações básicas sobre o campus e a cidade de Juiz de Fora, além do auxílio em demandas acadêmicas e institucionais.

Fazer a roda girar

A finalidade é que a “Roda viva” gire e os alunos acolhidos sejam futuros acolhedores fortalecendo um sentimento de pertencimento à UFJF. “O estudante calouro é acolhido pelo estudante que aqui já está familiarizado. No próximo semestre, este mesmo estudante acolhido pode se tornar acolhedor dos que estão ingressando. Assim, torna-se ativo no processo de acolhida e integração na Universidade e na cidade”, explica Olavo Augusto.

Serão realizadas reuniões semestrais com todos os inscritos a acolhedores, a fim de fazer um balanço do projeto e evitar que hajam ações não afinadas com as propostas da iniciativa. Após um ano de participação, os estudantes receberão uma declaração emitida pela Proae. Olavo Augusto destaca que esta declaração de participação em programas de acolhida é valorizada em Universidades do exterior, sendo um diferencial no currículo dos participantes.

Empatia e solidariedade

Estudante do 4º período de Engenharia Civil, Mayara Nascimento, atua como estudante-acolhedora no projeto Roda Viva (Foto: Alexandre Dornelas)

Estudante do 4º período de Engenharia Civil, Mayara Nascimento, atua como estudante-acolhedora no projeto Roda Viva (Foto: Alexandre Dornelas)

A estudante do quarto período de Engenharia Civil, Mayara Nascimento, atua como estudante-acolhedora no projeto. Natural de Juiz de Fora, a aluna de 23 anos é integrante do Diretório Acadêmico (DA) da Engenharia e colabora na aplicação da ação “Acolhe”, voltada para a saúde mental e bem-estar no ambiente acadêmico. Após conhecer o projeto por meio de uma reunião entre o Diretório e a Proae, percebeu a afinidade dos projetos e a necessidade de ajudar.

“Assim que ingressei na UFJF pude perceber a quantidade de estudantes vindos de lugares que eu nem imaginava, como região Norte, interior de São Paulo e até mesmo cidades de Minas que nunca tinha ouvido falar. E era perceptível a diferença da realidade deles para quem é estudante da universidade e natural de Juiz de Fora. Se para mim que sou daqui era difícil entender a dinâmica da universidade, desde sair de casa e pegar o ônibus certo até encontrar a sala de aula certa, imagina para quem não é daqui”, destaca Mayara.

Moradora do bairro Francisco Bernardino, Zona Norte de Juiz de Fora, Mayara foi a primeira de sua família a ingressar na UFJF e sentiu muitas dificuldades no processo de adaptação. “Eu era muito tímida também, tinha dificuldade em me aproximar de pessoas desconhecidas e acredito que seja a situação de muitos. Isso foi superado, mas foi necessário esforço para romper essa barreira”.

A estudante define o “Roda viva” como “um suporte necessário que nós, estudantes da UFJF, principalmente os que são da cidade, podemos oferecer pra quem não é, diminuindo os possíveis contratempos da nova etapa acadêmica”.

Outras informações: (32) 2102-3777 (Pró-reitoria de Assistência Estudantil)