Organizado pelo Departamento de História, evento propõe multidisciplinaridade, no intuito de atrair também público externo (Foto: Google)
Com a proposta de promover uma reflexão sobre os acontecimentos da década de 60 e os desdobramentos de Maio de 1968, o departamento de História da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em colaboração com pesquisadores da Faculdade de Letras (Fale) e do departamento de Ciências Sociais realiza, nas próximas quinta e sexta-feira, 24 e 25, o evento “Ventos de Maio: Cultura, Política e Sociedade dos anos 60 e 70”. A proposta, de acordo com um dos organizadores, Fernando Perlatto, é realizar um encontro multidisciplinar, plural e que atraia pessoas externas ao ambiente acadêmica para contribuir com as discussões.
O ano era 1968. No cenário internacional, a Guerra do Vietnã já ultrapassava 12 anos de duração, o guerrilheiro Che Guevara fora executado na Bolívia e as ditaduras militares se espalham pelos países da América Latina. No Brasil, o regime se aprofunda, após a rejeição de eleições diretas pelo Congresso Nacional, a substituição da Constituição Nacional de 1946 e a condução de mais um militar ao cargo de presidente, no ano anterior. Toda essa conjuntura contribuiu para que, em maio daquele ano, uma onda de protestos tivesse início na França e percorresse todo o mundo, tornando o período um dos mais notáveis do século XX.
“Os anos 60 ficaram marcados de forma mais significativa por conta de todas as consequências de seus acontecimentos”, explica Perlatto. “Pensar nessa década é pensar numa série de agendas em prol da defesa de direitos sociais, feminismo, combate à LGBTTIfobia e racismo – agendas que se consolidaram e se politizaram intensamente a partir desse momento”.
Ainda de acordo com o pesquisador, a análise desses acontecimentos permite o aprofundamento da compreensão sobre a atualidade. “Se de um lado temos uma intensificação dessas agendas em torno da emancipação racial e sexual, também temos o avanço de pautas conservadoras e autoritárias. Pensar essa tensão, que está sendo vivida em diversas partes do mundo, é bastante atual”. A análise é compartilhada pela também organizadora do evento e mestranda Nathalia Guimarães, que destaca possibilidade de identificar novas formas de interpretar a história, redimensionando a importância da vida cotidiana dos diferentes grupos sociais e propiciando uma nova ótica de percepção temporal nas suas diferentes gradações.
Atividades culturais
O professor da Fale e também organizador do evento, André Monteiro, explica que essa diversidade foi pensada de forma a promover, de fato, diálogos. “ Há mais de 40 anos que o globo acadêmico sustenta, com euforia e mil teorias, a bandeira da interdisciplinaridade, mas ela é pouco praticada. De acordo com a proposta interdisciplinar do evento, pensamos em uma programação bem diversificada, contando com convidados ligados a diversas áreas de saber, como história, literatura, música, teatro, ciências sociais, dentre outros”.
O primeiro dia contará com a participação do professor Gilberto Vasconcelos, compartilhando a experiência de viver parte dos anos 60 e os reflexos dessa década em sua geração; e com a professora Helena Mota, presidente da Comissão Municipal da Verdade. Dentre as atividades culturais, haverá a interpretação da peça “Rei da Vela”, escrita pelo dramaturgo modernista Oswald de Andrade nos anos 30, mas encenada nos anos 60, sendo considerada uma das mais importantes ações de luta artística contra a ditadura. Durante o “Ventos de Maio”, um grupo teatral juiz-forano fará uma releitura da apresentação.
Todas as atividades são gratuitas e acontecerão no anfiteatro II do Instituto de Ciências Humanas (ICH) da UFJF. Para participar não é necessário realizar inscrição, mas será conferida a presença durante a realização do evento para a emissão de certificados. Os interessados que tiverem alguma dúvida, podem enviá-la pela página do evento no Facebook
Outras informações:
(32) 2102-3150 (Faculdade de Letras da UFJF)
(32) 2102-3109 (Departamento de História da UFJF)
(32) 2102-3129 (Programa de Pós-graduação em História da UFJF)