Evento contou com presença reitor Marcus David avaliou o papel do assistente social na defesa de direitos (Foto: Alexandre Dornelas)

Evento contou com presença reitor Marcus David avaliou o papel do assistente social na defesa de direitos (Foto: Alexandre Dornelas)

Contar a história do Serviço Social no Brasil exige que sejam citados, necessariamente, os nomes de Marilda Iamamoto e José Paulo Netto, egressos da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), que dedicaram a vida à militância e ao estudo na área. Nesta última segunda-feira, 14, os dois estiveram presentes no anfiteatro do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), na Semana do Assistente Social, para falar sobre Karl Marx e sobre a relação entre marxismo e serviço social.

A diretora da Faculdade de Serviço Social, Cristina Simões Bezerra, destacou que a Semana do Assistente Social é o momento não só de comemorar o dia 15 de maio – dia do assistente social -, mas também de realizar uma análise de conjuntura. “O assistente social é um profissional que tem toda uma formação para garantir o vínculo com a defesa de direito dos trabalhadores. Então, para a categoria, de forma geral, a Semana do Serviço Social é a hora de reencontro, de debate e de reavaliações”, explica.

Na mesa de abertura, com a presença do reitor Marcus David, abordou-se o papel do assistente social na defesa de direitos, a necessidade de não reduzir o serviço social a políticas governamentais e de celebrar as conquistas alcançadas nos 60 anos da Faculdade de Serviço Social. Após a abertura, o coral da UFJF se apresentou, arrancando aplausos de pé do público que lotou o anfiteatro.

Cristina ressaltou, ainda, a participação de José Paulo Netto e Marilda Iamamoto nas Conferências da noite de abertura – respectivamente, “Bicentenário de Karl Marx” e “Marxismo e Serviço Social”. “É muito importante receber profissionais que formaram na nossa Faculdade, que alcançaram renome nacional, para falar sobre Marx, que é o autor que dá a direção social para o curso”, afirma a diretora.

Marilda é professora Titular aposentada da Escola de Serviço Social, na Universidade Federal do Rio de Janeiro e, este ano, recebeu o prêmio Katherine Kendall, pela Associação Internacional de Serviço Social, em função do compromisso com a profissão. José Paulo Netto é Professor Emérito da UFRJ e, nesta última segunda-feira, 14, assinou contrato como Professor visitante da UFJF, onde ajudará a construir o programa de doutorado da Faculdade de Serviço Social. “Eu gosto muito daqui, eu sou produto daqui, então eu aceitei o convite, disse Netto..

Bicentenário de Karl Marx

Na programação da noite, os palestrantes Marilda Iamamoto e José Paulo Netto, acompanhados da diretora da Faculdade de Serviço Social, Cristina Simões (Foto: Alexandre Dornelas)

Na programação da noite, os palestrantes Marilda Iamamoto e José Paulo Netto, acompanhados da diretora da Faculdade de Serviço Social, Cristina Simões (Foto: Alexandre Dornelas)

José Paulo Netto, ao apresentar a biografia de Marx, fez questão de ponderar que, embora trate o autor de forma objetiva, não há neutralidade em sua fala. “Marx me levou a conhecer a classe operária e me ensinou que o sentido da vida vai além do meu umbigo. Ele me deu mais do que uma teoria para entender esse mundo, ele me deu uma causa para lutar”, afirma.

O professor está finalizando uma biografia sobre Karl Marx e conta que ficou honrado com o convite para falar sobre o tema que vem discutindo a nível internacional. José Paulo lembra, ainda que, em 1974, durante a Ditadura Militar, foi aprovado em primeiro lugar em concurso para a Universidade, no entanto, por ser marxista, não pode assumir o cargo. “É bom voltar, especialmente para falar sobre aquilo que antes impediu o meu ingresso nesta casa: Marx. E é bom que vocês se cuidem que os tempos do passado às vezes voltam com novas roupas”, alertou José Paulo.

Na conferência “Bicentenário de Karl Marx”, o professor defendeu que Marx foi um homem do século XIX, cujas ideias transcenderam seu tempo e são absolutamente contemporâneas. Netto destacou que é comum se ter uma visão limitada de Marx, pensando-o academicamente, mas que é preciso lembrar que Marx foi um revolucionário, um teórico cujo objeto é o modo de produção capitalista e foi, antes de tudo, um sujeito histórico: o proletariado.

Marxismo e Serviço Social
Na conferência “Marxismo e Serviço Social”, Marilda parabenizou a escolha de retratar o Bicentenário de Marx na Semana do Serviço Social, destacando que o seu legado é fundamental para entender o presente e que é essencial desmistificar a pseudo neutralidade ideológica da profissão. “O contexto sócio-histórico provoca reflexão, o que gera aproximação militante da profissão”, conta a professora.

Marilda defende também a necessidade de entender a história de lutas do Serviço Social com foco específico na América Latina, onde foi preciso reconceituar o Serviço Social para que ele não fosse confundido com Assistência Social. “É preciso construir coletivamente uma proposta de profissão, vinculado aos interesses da maioria da população. O Serviço Social não é um braço operacional, o Serviço Social não é política pública do governo”, argumenta.

Programação
A programação da Semana do Assistente Social continua nos próximos dias. Nesta terça, 15, quando se comemora o dia do assistente social, o evento organiza a mesa de debates “Assistente Social em defesa dos direitos e do trabalho profissional: resistir, ocupar e lutar. Somos classe trabalhadora!”, às 9h40, no  Museu de Arte Moderna Murilo Mendes (Mamm). Já à noite, no auditório da Faculdade de Serviço Social, acontece a mesa em comemoração aos 60 anos da Faculdade, homenagem aos funcionários e lançamento de livros.

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