“Os filósofos da Antiguidade não estavam presos em seus gabinetes e seus livros”, afirma Fortes. Retomar esse contato com o público é objetivo do Ciência ao Bar (Imagem: Reprodução da pintura “Escola de Atenas”, de Rafael)

“Os filósofos da Antiguidade não estavam presos em seus gabinetes e seus livros”, afirma o professor Fábio Fortes. Retomar esse contato com o público é objetivo do Ciência ao Bar (Imagem: Reprodução da pintura “Escola de Atenas”, de Rafael)

Os filósofos da Antiguidade não estavam presos aos seus gabinetes e seus pensamentos não se confinavam às páginas de livros, teses ou dissertações — muito pelo contrário, os debates, reflexões e construções filosóficas se davam, em sua maioria, de forma pública, pelas ruas, de forma aberta e acessível ao povo. E por que hoje seria diferente? É com a intenção de quebrar barreiras entre o conhecimento produzido na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e a população que acontece mais uma edição do Ciência ao Bar — desta vez, o tema é “Como vencer um debate usando Platão”.

“A ideia, através desse tipo provocativo, não é tanto sobre dar um roteiro sobre a retórica em si, mas sim refletir sobre os limites e as possibilidades da comunicação que encontramos nos dias atuais, especialmente quando discutimos política”, adianta o doutor em Filosofia e convidado do evento, Fábio Fortes. Atuante como professor de Grego Clássico e Latim da UFJF, ele discorre sobre as reflexões que pretende levantar durante o bate papo. “A minha contribuição envolve um dos conceitos de filosofia do Platão, a dialética — que promove a aceitação de diferenças e uma espécie de pacto entre pessoas que, através do diálogo, buscam chegar a uma verdade. Isso é algo que podemos aplicar nesse cenário de fake news, do relativismo, da pós-verdade”, exemplifica.

O professor ressalta a importância do tema, especialmente em um ano eleitoral. “Há algum tempo, já observamos, principalmente em redes sociais, a falência do diálogo e a intolerância de pessoas que se agarram às suas opiniões, alheias ao debate. Ao mesmo tempo, estamos em ano eleitoral, ou seja, refletir através do diálogo pode ser ainda mais útil.”

Além dos muros da Universidade
Trazer pesquisadores para debater assuntos em um ambiente mais descontraído — no caso, o bar Arteria — é o objetivo principal do Ciência ao Bar. Fábio Fortes aponta que, até mesmo do ponto de vista filosófico, trata-se de uma iniciativa importante. “Combina até mesmo com os filósofos da Antiguidade, especialmente Platão, que não estavam presos em seus gabinetes e seus livros. A política era feita na rua. Atualmente, os bares podem funcionar como uma espécie de ágora — um lugar para se debater e refletir em público”, compara.

Além disso, o professor também destaca a importância de um diálogo direto entre ciência e sociedade. “É essencial permitir esse diálogo mais amplo entre a UFJF e a sociedade. Uma Universidade não deve ficar presa em suas fronteiras.”

Sobre o Ciência ao Bar
A cada edição do Ciência ao Bar, um pesquisador apresenta, durante 25 minutos, um tema de sua área de pesquisa e, em seguida, são reservados 90 minutos para participação do público que, entre rodadas de chope e tira gostos, pode participar com perguntas e contribuições sobre o assunto.

A edição sobre “Como vencer um debate usando Platão” , às 19h, no bar Arteria, localizado na Rua Oswaldo Aranha, 535.