Opacitômetro nacional ganhou 1° lugar na categoria “Desenvolvimento Tecnológico e Inovação”, do Prêmio Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (Foto: Arquivo pessoal)

Opacitômetro nacional ganhou 1° lugar na categoria “Desenvolvimento Tecnológico e Inovação”, do Prêmio Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (Foto: Arquivo pessoal)

Um produto mais barato, produzido com tecnologia cem por cento nacional, que é uma alternativa para minimizar o uso de animais vivos em testes de laboratório. Estes são os atributos do opacitômetro nacional, premiado com o primeiro lugar na categoria “Desenvolvimento Tecnológico e Inovação” (DTI) do Prêmio Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).

“É um produto que, muito em breve, será necessário em todo o Brasil, já que o teste de opacidade e permeabilidade em córnea bovina (BCOP), realizado com o auxílio do opacitômetro, é validado e reconhecido internacionalmente e, a partir de 2019, será necessário utilizá-lo para registrar os produtos na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)”, explica a representante da UFJF no projeto, a professora Michele Munk. “Exemplos de produtos que utilizam este aparelho durante os estudos de segurança são medicamentos e produtos para a pele, como a maquiagem — ou seja, é algo que impacta diretamente a indústria química, farmacêutica e a de cosméticos.”

Professora Michele Munk, da UFJF, em apresentação sobre o opacitômetro nacional (Foto: Arquivo pessoal)

Professora Michele Munk, da UFJF, em apresentação sobre o opacitômetro nacional (Foto: Arquivo pessoal)

Pesquisadora do Laboratório de Genética e Biotecnologia da UFJF, Michele explica que o equipamento foi desenvolvido para a realização do teste BCOP e, assim, minimizar o uso de animais de laboratório em testes de irritação ocular para novos dermocosméticos, produtos químicos e nanomateriais. Atualmente, é comum,  a utilização de coelhos vivos para a avaliação. “O opacitômetro nacional é um equipamento necessário para a realização do teste de opacidade e permeabilidade em córnea bovina, que utiliza córneas  coletadas em abatedouros que, inicialmente, seriam descartadas.”

“Além de ser uma opção mais barata, o produto desenvolvido nacionalmente também é mais sensível à detecção de níveis de irritação, o que aumenta seu grau de confiança e diminui a chance de obtermos falsos negativos nos testes”, informa Michele. “O protótipo está muito avançado e as etapas de desenvolvimento são muitas. Dentre minhas contribuições no projeto estão o auxílio do desenvolvimento do protótipo, a realização de testes de toxicidade com córneas bovinas (opacidade e permeabilidade), a realização de estudos para ampliar o tempo de viabilidade pós-coleta das córneas bovinas em abatedouro e, em breve, nos ensaios interlaboratoriais. Estamos em processo de patenteamento do produto.”

Avanço nos estudos que visam minimizar o uso de animais em experimentação animal
O opacitômetro nacional é desenvolvido dentro das atividades de uma rede de incentivo ao uso de nanotecnologias aplicadas ao agronegócio (Rede Agronano) e faz parte da proposta brasileira do projeto europeu intitulado NanoReg, que aborda a regulação internacional em nanotecnologia, ramo científico que abrange o uso e análise de materiais em escala nanométrica. O projeto é desenvolvido através de uma parceria entre a professora Michele, da UFJF; os pesquisadores Hideraldo Filippo e Alexandre Balbinot, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); os pesquisadores Humberto Brandão e Juliana Gern, da Embrapa; e o pesquisador José Granjeiro do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro).