(Foto: Gustavo Tempone/UFJF)

Militante Adenilde Petrina participou do evento realizado na Faculdade de Direito (Foto: Gustavo Tempone/UFJF)

Integrante do coletivo Vozes da Rua e doutora honoris causa pela UFJF, a militante do movimento negro e da luta pela comunicação popular, Adenilde Petrina, participou, nesta quinta, de uma aula pública no 1º Simpósio de Reflexão sobre o Racismo: “A cor do conhecimento e da justiça no Brasil”. O evento, realizado na Faculdade de Direito da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), faz parte do programa da disciplina “Movimentos indígenas, quilombolas, trabalhadores sem terra e a busca pela efetivação do direito fundamental à terra” e dos 20 dias de ativismo contra o racismo em Juiz de Fora.

Adenilde Petrina destacou a importância de se conhecer a história de seu país e comunidade, perspectiva muito trabalhada pelo Vozes de Rua. “A gente sonha e tem esperança de que um outro mundo é possível”. Ela ainda enfatizou a importância do estudo e busca por conhecimento. Para Adenilde, as leituras contribuem para que a prática seja iluminada pela teoria. “A gente sabe interpretar nossa realidade e o mundo a partir daquilo que a gente vive. Com isso, buscamos ferramentas para transformar a realidade”. Acreditando que a arte transforma, o Coletivo também fez uma apresentação de poetas. O grupo convidou o público para o Slam de perifa, uma batalha de poesias organizada por eles no bairro Santa Cândida, onde está inserido.

A aula, que teve como tema a cultura e resistência do movimento negro, contou também com as contribuições de outros grupos. O Coletivo Práxis Negra apresentou uma contextualização histórica sobre a população negra e seu encarceramento e genocídio. O grupo, que é composto por estudantes de vários cursos da UFJF, tem como objetivo aliar a discussão e o estudo de autores negros com a realidade na prática, para além da Universidade.

Naiara Britto, estudante de Direito e integrante do Coletivo Grupo de Estudos Raciais (GER) destacou que essa discussão é fundamental: “É difícil falar de um mês da consciência negra porque somos negros 365 dias no ano. É importante alertar sobre tudo o que está acontecendo. Nossa resistência está no dia a dia”.

Dayvison Bento, aluno do Bacharelado Interdisciplinar em Ciências Humanas, explicou que a intenção é atingir a população fora do ambiente acadêmico: “O próprio nome Práxis vem dessa ideia, da relação dialética entre teoria e prática. Nós vamos fazer uma discussão sobre a situação do negro dentro da academia, mas sabemos que aqui somos minoria, então qualquer discurso que queira atingir de fato os negros precisa sair daqui”.

O evento foi realizado pelo GER e pelo Núcleo de Apoio Jurídico Popular (Najup) Gabriel Pimenta.