(Foto: Twin Alvarenga/UFJF)

Alberto Cipiniuk foi um dos palestrantes do evento Design como Produção Social (Foto: Twin Alvarenga/UFJF)

Existe uma fronteira clara que defina o que é design e o que é arte? De acordo com Alberto Cipiniuk, não. O pesquisador e professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) foi um dos palestrantes do evento Design como Produção Social, realizado no Instituto de Artes e Design (IAD) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Organizado pelo professor Marcelo Lacerda, do Departamento de Artes, o encontro compreende cinco palestras, ministradas por pesquisadores de diferentes áreas do design.

Sob o tema “O objeto de design e a obra de arte: valor de uso e valor de troca”, Cipiniuk inicia a conversa apontando a dificuldade que o designer tem em se considerar artista, não impondo sobre sua criação uma dimensão espiritual, característica da obra de arte. “Na PUC, eu percebia que os designers não conseguiam se enxergar como artistas, mas agora vejo mudanças. Os designers, atualmente, querem dar essa conotação espiritualizada aos seus objetos. Mas, embora a prática do designer demande criatividade, ele ainda trabalha com a indústria. Não é a criação pela criação”, afirma.

Cipiniuk deixa claro que o artista tem os mesmos deveres e direitos de qualquer outro profissional e a noção romântica daquele deve ser combatida. “Os métodos científicos devem ser aplicados tanto à arte quanto ao design. O artista não trabalha deslocado da sociedade; é preciso derrubar essa falácia de que ele está acima do bem e do mal.”

O pesquisador diz que é precioso para a discussão tirar a perspectiva carismática do “dom da arte”, afirmando que ninguém nasce artista. “Todas as ações humanas são igualmente criativas; isso não é próprio do artista. O que acontece é que alguns trabalhos têm sua criatividade pervertida, transformada pela burocratização e uniformização.”

Existe uma diferenciação entre os valores da obra de arte e do objeto de design, como prevê o título da palestra. Enquanto a primeira detém um valor de troca simbólico, o segundo possui um valor de uso, em que pesa seu fator funcional. Sob uma perspectiva marxista, Cipiniuk diz que o que pode unir o objeto de design e a obra de arte é considerar a última como manufatura, como práxis social, e, então, ambos serão pensados como objetos de troca mercantil.

“É preciso vê-los como formas de trabalho, inseridas em uma sociedade industrial em que o modo de produção capitalista é que estabelecerá como esse trabalho vai se configurar. De uma maneira ou de outra, temos que operar dentro dessas circunstâncias como as demais categorias profissionais, o que não quer dizer que não lutaremos pela nossa profissão, reconhecida historicamente  por questionar os valores pré-estabelecidos.”

Outras informações:
(32) 2102-3350 – Instituto de Artes e Design