Topografia no período de expansão da UFJF na década de 1970 (Foto: Roberto Dornelas, acervos pessoais e Arquivo Central da Universidade)

Topografia no período de expansão da UFJF na década de 1970 (Foto: Roberto Dornelas, acervos pessoais e Arquivo Central da Universidade)

Proporcionar ao espectador conhecer as origens da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e ter a real visão de uma história de lutas por liberdade e espaço para o conhecimento. Essas são algumas das possibilidades de leitura trazidas pela exposição de fotografias Lvmina Spargere – Recortes de um caminho iluminado, idealizada pela Pró-reitoria de Cultura da UFJF, que permite ao espectador compreender o processo de negociação, construção, urbanização e ocupação do campus. A mostra entra em cartaz no Espaço Reitoria, a partir desta quarta-feira, 6.

A constante evolução em torno do saber e da cidadania, que culmina com a instituição que hoje se apresenta à comunidade acadêmica e à sociedade em geral, está registrada principalmente em imagens capturadas pelo fotógrafo Roberto Dornelas, acervos pessoais e registros cedidos pelo Arquivo Central da Universidade.

A pró-reitora de Cultura, Valéria Faria, observa que a proposta de resgatar esse passado flerta com dois projetos de longa data: o “História da Universidade”, do professor Marcos Olender, em 2012, e o “Memória da Universidade”, do atual diretor de Imagem Institucional, Márcio Guerra, que, desde 2005, vem rastreando essa história em depoimentos gravados pela Produtora Multimeios da Faculdade de Comunicação Social (Facom).

Essa importante saga, que inclui momentos de franco posicionamento político, remete ao final dos anos 1950, à época do presidente Juscelino Kubitschek, perpassa os chamados “Anos de Chumbo” da Ditadura Militar, entre 1964 e 1985, até chegar à retomada da democracia, sempre como uma voz que não se cala. Fotografias dos movimentos estudantis, de protestos de professores e servidores, no entorno da antiga Reitoria, no Parque Halfeld e no Campus, resgatam essas ocorrências históricas.

Ideais afins

Marcos Olender acredita que a mostra Lvmina Spargere – Recortes de um caminho iluminado vai ao encontro de sua proposta, que é focar na coleta de dados e na organização dos acervos de faculdades e institutos da UFJF, alguns até já existentes, embora carentes de certa ordenação. “Essa exposição se soma ao nosso projeto como um dos produtos que sempre quisemos oferecer, assim como a possibilidade de um livro. Isso seria uma espécie de ‘prestação de contas’ de um trabalho que tem a intenção de ser contínuo”, conta.

A doutoranda Camila Figueiredo, coordenadora executiva do História da Universidade, analisa a exposição da Pró-reitoria de Cultura (Procult) como uma das principais formas de resgatar e trazer ao público as reminiscências dessa trajetória. Ela ressalta a iniciativa da pró-reitora Valéria Faria como uma estratégia de articulação das fontes dos professores Márcio Guerra e Marcos Olender, o que demonstra a união da atual gestão em prol da divulgação da memória da instituição.

Camila se emociona diante de fatos que voltam à tona em fotos como as de figuras notáveis em ação, mas, principalmente, trabalhadores anônimos, operários de construção, lutas coletivas, protestos e movimentos que marcaram essa odisseia. “A mostra Lvmina Spargere – Recortes de um caminho iluminado é fundamental para a comunidade acadêmica e para a própria sociedade conhecer e se reconhecer como sujeito integrante da história da Universidade. Isso é muito importante”, conclui.

Tesouro de informações

Inauguração do Campus em 2 de junho de 1970 (Foto: Roberto Dornelas, acervos pessoais e Arquivo Central da Universidade)

Inauguração do Campus em 2 de junho de 1970 (Foto: Roberto Dornelas, acervos pessoais e Arquivo Central da Universidade)

O professor Márcio Guerra ressalta que a importância da exposição proposta pela Pró-reitoria de Cultura está em revolver o passado para compreender o presente e ter uma dimensão real do que é o caráter da Universidade, reiterando sua missão quanto às relações com a comunidade interna e externa, uma característica que a atual gestão está resgatando, demonstrando o respeito a quem contribuiu e contribui para o desenvolvimento da instituição.

Márcio Guerra lembra que seu projeto original se baseia na preocupação com a dispersão de informações sobre a história da UFJF. O acervo resultante está à disposição para consultas a partir de um banco de fotos, vídeos e cerca de 400 gravações com professores, alunos e funcionários atuais, além dos que já passaram pela instituição, representando um pequeno tesouro sobre a identidade do Campus. Entre as preciosidades desse acervo está um áudio da Rádio Industrial transmitindo ao vivo, direto de Brasília, a assinatura do termo de criação da UFJF, com a fala do presidente Juscelino Kubitschek sobre aquele importante ato. Há também depoimentos do autor do projeto-piloto da Cidade Universitária, Arthur Arcuri, além de imagens do reitor Gilson Salomão visitando as obras de construção do Campus.  

Na mostra em cartaz, o público também pode assistir ao vídeo com o depoimento do primeiro reitor da UFJF, Moacyr Borges de Matos e do ex-reitor José Passini, além do professor de música e ex-regente do Coral Universitário, André Pires.

Resgate fundamental

A pró-reitora Valéria Faria explica que Lvmina Spargere – Recortes de um caminho iluminado resgata cinco décadas de projetos físicos e pedagógicos edificados ao longo desse tempo, assim como a efervescência crítica da comunidade acadêmica. Essa trajetória está bem marcada nas sessões de fotografias intituladas “Primórdios”, “Inauguração”, “Tão longe, tão perto”, “Trabalhadores”, “Tempos de luta”, “Modelo desbravador (Tefé)”, “Vida no Campus”, “A Reitoria”, “CTU e HU”, “Vestibular”, “Biblioteca Universitária”, “Pedra Fundamental”, “Som Aberto – Cultura na UFJF”. Ao todo, são 16 painéis ilustrados por fotografias e acompanhados de textos.

Em apresentação da mostra assinada pelo reitor Marcus Vinicius David, fica claro seu apreço pela iniciativa da Pró-reitoria de Cultura: “Revisitar os primórdios da Universidade Federal de Juiz de Fora é reconstituir o esforço épico que mobilizou gerações em torno do ideal da Cidade Universitária. […] No mundo de transformações velozes em que vivemos, retomar este início da UFJF – vislumbrar os rostos que fizeram parte deste começar – é essencial para compreender a Universidade hoje, seu lugar na vida da sociedade, seus desafios e responsabilidades”.

A visitação acontece de segunda a sexta-feira, das 8h às 22h, e  sábados, das 8h às 12h, no Espaço Reitoria, no campus.

Outras informações: (32) 2102-3964  Pró-reitoria de Cultura