A dissertação de mestrado desenvolvida pelo acadêmico Juarez Silva Araújo analisa e discute a indicação e o uso de plantas medicinais nos contextos de atuação dos Agentes Comunitários de Saúde de Juiz de Fora. A pesquisa foi realizada por meio do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, da Universidade Federal de Juiz de Fora.
Segundo Juarez, em 2006, o Brasil publicou a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, que propõe inseri-los de forma segura, eficaz e de boa qualidade no SUS, buscando também promover e reconhecer o uso de remédios caseiros e plantas medicinais, a partir do saber tradicional e popular.
De acordo com o acadêmico, para desenvolver a pesquisa “foram realizadas entrevistas com os agentes comunitários de saúde, e, no conjunto do questionário aplicado, foram questionados elementos sobre conhecimento, uso pessoal e indicação do uso a terceiros de plantas medicinais no cuidado em saúde.” O pesquisador acrescenta, ainda, que realizou um estudo bibliográfico que o aproximou de temas, como a medicina tradicional, plantas medicinais, práticas integrativas e complementares, políticas públicas em saúde, Estratégia de Saúde da Família, Agente Comunitário de Saúde e antropologia em saúde.
A partir dos resultados obtidos, Juarez identificou que o agente comunitário de saúde em Juiz de Fora, em sua grande maioria, conhece plantas medicinais, faz uso pessoal, indica o uso para familiares e a sua principal fonte de saber sobre o tema se dá por meios tácitos. Por outro lado, este mesmo agente afirma não indicar o uso de plantas medicinais aos moradores em sua área de trabalho.
O pesquisador revela também que “o agente comunitário de saúde que insere plantas medicinais em seus itinerários terapêuticos, seja no ambiente familiar ou mesmo de trabalho, o faz, principalmente, a partir do saber tradicional, que inclui elementos e valores simbólicos de caráter místico, estético e pautados na tradicionalidade e cultura local.”
Neste sentido, o acadêmico destaca que “o processo de organização do trabalho com plantas medicinais ao nível da Atenção Primária à Saúde deve ter em mente que a ‘Agente Comunitária de Saúde’ se constitui hoje a profissional melhor capacitada para a prospecção de recursos tradicionais e comunitários para o cuidado em saúde.” Para Juarez, é preciso frisar, portanto, que a “atividade prospectiva precisa ser inserida e trabalhada dentro da equipe de saúde, na perspectiva de agregar a medicina tradicional como mais um referencial além da biomedicina, pois esse profissional trabalha em um espaço onde o uso concomitante de terapêuticas tradicionais e terapêuticas da medicina oficial não configura uma contradição, mas sim um campo em que tais alternativas terapêuticas heterogêneas compõe o rol de possibilidades para o itinerário terapêutico de cada indivíduo.”
Segundo a professora orientadora, Rosangela Maria Greco, o trabalho tem “relevância uma vez que, hoje, existem poucos estudos sobre plantas medicinais e os agentes comunitários de saúde. Além disso, esse estudo contribui na discussão sobre as práticas tradicionais em saúde no campo da atenção primária à saúde. E, mais especificamente, na sistematização de informações e o registro da experiência acumulada pelos agentes comunitários de saúde no município de Juiz de Fora, quanto ao uso de plantas medicinais”.
Contatos:
Juarez Silva Araújo (mestrando)
juarezsilvaaraujo@gmail.com
Rosangela Maria Greco (orientadora – UFJF)
romagreco@gmail.com
Banca examinadora:
Profª. Drª. Rosangela Maria Greco (UFJF)
Profª. Drª. Maria das Dores Dutra Behrens (FIOCRUZ)
Prof. Dr. Daniel Sales Pimenta (UFJF)
Outras informações: (32) 2102 – 3830 – Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva