Ação pioneira compartilha vivências por meio das palavras e da dança (Foto: Divulgação)

Ação pioneira compartilha vivências por meio das palavras e da dança (Foto: Divulgação)

Proporcionar um espaço de troca de saberes e experiências entre mulheres grávidas e mães com filhos de até 2 anos de idade é o objetivo do projeto de extensão “Danças, trocas de saberes e experiências da maternidade ativa”. Coordenado pela professora do Instituto de Ciências Humanas (ICH) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Marcella Beraldo, utiliza o lúdico e o artístico para tratar de forma sensível o tema.

Em um contexto maternal e coletivo, a proposta é realizar encontros semanais com duração de duas horas, que serão divididos em dois momentos. O primeiro será uma roda de conversa, com tempo de duração de uma hora e 30 minutos, quando serão debatidos temas ligados à maternidade, como puerpério, amamentação, participação paterna, parto, criação com apego, cuidado de si, entre outras questões, que podem surgir da demanda do grupo de mulheres participantes.

Em um segundo momento, os últimos 30 minutos serão utilizados para uma atividade artística por meio da dança, que permite a vivência da maternidade na sua forma mais sensível. “A dança visa promover, por meio de uma ação sensorial, o encontro sentimental para conseguir atingir, durante a troca de informações, de sentimentos e sensibilidades. Incluir a dança que, às vezes, é uma dinâmica, uma troca de abraços, uma cantoria, um batuque, é trazer para o campo da Universidade o câmbio de experiências por meio da palavra e da dança, que é algo sensorial, vem da alma.”

De acordo com Marcella, as atividades propostas visam contribuir para o movimento social de construção de uma maternidade ativa que empodere a “mulher-mãe” e valorize o feminino. “Considerando que vivemos em uma sociedade permeada por desigualdades de gênero, classe e raça, tomamos o processo da vivência da maternidade como ponto de partida para ressignificações e reestruturações de relações sociais, buscando construir relações mais igualitárias.”

Além disso, o projeto traz a proposta pioneira de reflexão de uma vivência plural no processo de gravidez e maternidade, que muda a vida das mulheres e, dessa maneira, possibilita que compartilhem conhecimentos e experiências. “É sempre bom ter um espaço de troca entre mães e grávidas, mas mais importante que isso é o sentimento de acolhimento. A maternidade tende a ser um período, principalmente no início, de isolamento do resto da sociedade, pois a criança – e nós mesmas – temos a necessidade de cuidados que impedem de sair para determinados lugares, isso sem contar o cansaço. Essa iniciativa traz um espaço para as mães com filhos pequenos terem esse encontro e sair da solidão.”

Puerpério

Uma pauta central dos encontros é o puerpério, período que compreende de seis a oito semanas após o  parto, no qual o corpo da mulher retorna ao estado pré-gestacional. Popularmente conhecido como “resguardo”, as variações hormonais são frequentes nesta etapa, provocando mudanças físicas e emocionais. “O puerpério é uma fase de muitas mudanças, bem delicadas, é como se fosse um portal de mudanças para a vida. Uma dica é procurar uma rede de apoio, estar em contato com outras mães que já passaram pela mesma situação, para trocarmos informações, dar colo para esta mãe, estar junto com ela, porque eu acho que este é um momento muito solitário e pouco falado nos núcleos familiares”, explica a coordenadora do projeto, Marcella Beraldo.

Juliane da Rocha Lara, está cursando doutorado no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, mãe de um bebê de 6 meses, participa dos encontros desde junho e conta que eles têm sido essenciais para sua recuperação do puerpério e adaptação à nova rotina. “Compartilhar as experiências com outras mulheres que estão vivenciando as mesmas aventuras, dá uma força muito grande para todas nós. É uma fase na qual toda ajuda é bem-vinda, e sabemos exatamente qual ajuda a outra precisa”.

Temas

Os temas dos encontros são definidos por meio de enquetes na página do projeto no Facebook, os quais são sempre pensados de acordo com as necessidades expressas pelas participantes. “O diálogo sobre o retorno ao trabalho foi o que mais gostei, porque nós ficamos imersas no mundo dos bebês, e há aquela preocupação sobre como vai ser quando a gente deixar eles e voltar para uma rotina, que nem sempre é muito tranquila”, relembra Juliane, que além de cursar a pós graduação, é professora de Sociologia na rede estadual de ensino.

O próximo encontro ocorre no sábado, dia 5 de agosto, às 10h, no Centro de Pesquisas Sociais (CPS). O tema será “amamentação”, em homenagem à Semana Mundial do Aleitamento Materno, que vem sendo comemorada desde 1992. O prédio do CPS fica localizado ao lado do pórtico norte da UFJF, pela entrada do bairro São Pedro.

Outras informações:
partedemimjf@gmail.com
Página do facebook