Uma tese de doutorado desenvolvida na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) analisou a dotação física e o talento para o esporte em estudantes do ensino fundamental.  A pesquisa foi apresentada pelo acadêmico Emerson Rodrigues Duarte, no Programa de Pós-graduação em Psicologia.

A tese analisou empiricamente o estudo desenvolvido pelo psicólogo educacional Robert Mills Gagné, relacionado ao Modelo Diferencial de Dotação e Talento (DMGT 2.0), com foco na aptidão para o desporto em estudantes do ensino fundamental. O acadêmico aponta que, por meio dessa perspectiva, é possível contribuir para a “compreensão dos aspectos multifatoriais, ambientais e genéticos, relacionados com a identificação e com o desenvolvimento do talento no esporte.”

Ao longo da pesquisa, 346 estudantes do ciclo básico foram submetidos a uma bateria de medidas antropométricas e de aptidão física. Entre eles, foi identificado que um grupo de 15 meninas e 21 meninos com dotação física apresentou dimensões equivalentes. Em um contexto mais aprofundado, foi estabelecido que o conjunto de medidas pode ser organizado em dois tipos de dotação: a Dotação Antropométrica (DA) e a Dotação Técnica (DT).

Em relação à Dotação Antropométrica, não foram encontradas diferenças entre os sexos, porém, segundo o estudo, a idade e a maturação podem apresentar efeito significativo na identificação deste quesito. Ao se tratar da Dotação Técnica, foi percebido que as meninas são mais flexíveis e que os meninos obtiveram melhores resultados nas demais variáveis.

O estudo analisou também, por meio de modelos de equação estrutural (MEE), o chamado Modelo Diferencial de Dotação e Talento (DMGT 2.0). Por este caminho de pesquisa, foram encontradas sete relações distintas entre dotação física, além de pontuadas outras variáveis como catalisadores ambientais e intrapessoais, processo de desenvolvimento e Talento Esportivo (TE). “O MME considerado mais adequado para o TE mostrou que a contribuição do processo de desenvolvimento é mediada significativa e, respectivamente, por catalisadores e dotação, sendo que a última apresentou maior efeito direto no TE. De modo geral, os três estudos denotam que os TEs são multifacetados, complexos, dinâmicos e precisam ser mais pesquisados”, explica o pesquisador.

De acordo com Emerson, o interesse pelo tema surgiu pela sua vivência como profissional de Educação Física da rede pública municipal de ensino e como professor do ensino superior privado. O doutorando se propôs a identificar e desenvolver alunos com características de altas habilidades e superdotação para a rede municipal que, até o momento, não havia apresentado ações neste sentido. “Conheci o professor Altemir, meu orientador, que desenvolve o Programa de Identificação e Desenvolvimento de Talentos no Colégio João XXIII, já tendo orientado outros estudos de mestrado e doutorado nesse tema”, finaliza.

Para o professor orientador, Altemir José Gonçalves Barbosa, o próprio tema denota a contribuição social da pesquisa sobre talento para o esporte na sociedade. “Reconhecer talentos desportivos, tanto para o esporte de alto rendimento, como Mundiais e Olimpíadas, quanto  para a autorrealização, reitera que estudantes, no caso crianças e adolescentes, que possuem talentos, por vezes, não são identificados e perdem muitas oportunidades.”

Contatos:
Emerson Rodrigues Gonçalves (doutorando)
emerson01duarte@gmail.com

Altemir José Gonçalves Barbosa (orientador – UFJF)
altgonc@gmail.com

Banca Examinadora:
Prof. Dr. Altemir José Gonçalves Barbosa (UFJF)
Profa. Dra. Maria Elisa Caputo Ferreira (UFJF)
Prof. Dr. Jorge Roberto Perrout Lima (UFJF)
Prof. Dr. Zenita Cunha Guenther (Centro para Desenvolvimento do Potencial e Talento – CEDET/Lavras)
Profa. Dra. Maria Beatriz Ferreira Leite de Oliveira Pereira (Universidade do Minho – Portugal)

Outras informações: (32)2102-3103 – Programa de Pós-graduação em Psicologia