mestrado ecologia

Paulo Henrique Brasileiro Silvério destacou que “o Jardim Sensorial é terapêutico e conscientizador” (foto: Twin Alvarenga/UFJF)

As sensações e os resultados encontrados pelos visitantes do Jardim Sensorial da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) são tema de uma dissertação de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Ecologia. O estudo foi desenvolvido pelo acadêmico Paulo Henrique Brasileiro Silvério e foi apresentado nesta sexta-feira, 5, com o título “Jardim Sensorial da UFJF, um espaço de Terapia e Conscientização”.

Em sua pesquisa, Silvério fez uma abordagem remontando à história dos jardins e a relevância que cada uma das culturas denota aos espaços, sobretudo religiosa na antiguidade. A pesquisa mostra que, na era moderna, o primeiro jardim sensorial surgiu no Reino Unido, já com uma concepção de aguçar sentidos pouco explorados no cotidiano. No Brasil, o primeiro surgiu no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, e, hoje, o país conta com cinco espaços do gênero, incluindo o da UFJF.

O pesquisador explica que o Jardim Sensorial da UFJF tem seu formato com base em um casa de rezas tupi-guarani, influência que também é percebida no interior da obra, com referências relacionadas aos quatro elementos fundamentais: terra, fogo, água e ar. Além das analogias aos povos nativos tupiniquins, elementos religiosos de outras esferas estão presentes, como a “espada de São Jorge”, dotada de simbolismo em determinadas crenças. Para Silvério, estes componentes são importantes na intenção de trazer uma sensibilidade maior ao visitante, distante da cotidiana.

Na pesquisa desenvolvida ao longo de oito meses, o acadêmico comparou visitantes que realizaram apenas uma experiência contemplativa, sem interagir com as plantas e o solo, com aqueles que tocaram os elementos. No questionário respondido após a visita, todos apontaram que o Jardim ofereceu algum conhecimento, sobretudo de conscientização ambiental. Já com base em análises quantitativas das respostas, as principais sensações relatadas foram: tranquilidade, bem-estar e calma.

Segundo o orientador da dissertação, professor Daniel Sales, a experiência de Silvério com o Jardim, do qual foi monitor durante a graduação, foi fundamental para estabelecer uma relação mais próxima com o local. “O trabalho contribuiu demais para termos um estudo mais científico do Jardim, já que este em característica é muito subjetivo. A sensibilidade do Paulo foi fundamental para colocar este estudo em uma língua acadêmica, que é a que usamos aqui na UFJF”, ressalta o orientador.

Na visão do professor, o estudo acadêmico é importante para reforçar as possibilidades de um local muitas vezes pouco conhecido por suas propriedades: “O estudo soma. Se a pessoa for ao Jardim, de certa forma ela será tocada. Em torno de 30% das pessoas que vão ao Jardim saem diferentes do que chegaram. Já que temos mais de 6 mil visitantes, é um número considerável. É um espaço que não tem em qualquer lugar, ter aquela ilha de sensibilidade é muito bom.”

Para Paulo Silvério, os resultados obtidos demonstram as possibilidades do Jardim: “Pudemos perceber que o Jardim Sensorial é terapêutico e conscientizador. Observamos alterações nas percepções de tempo e espaço, e algumas pessoas chegaram a remeter a experiências autobiográficas por conta do cheiro das plantas. Concluímos que o Jardim tem o efeito terapêutico benéfico, psicologicamente e emocionalmente, além do conscientizador.”

Contatos:
Paulo Henrique Brasileiro Silvério (mestrando)
paulohbsilverio@yahoo.com.br

Daniel Sales Pimenta (orientador)
jardimsensorial@ufjf.edu.br

Banca examinadora:
Prof. Dr. Daniel Sales Pimenta – orientador – UFJF
Profa. Dra. Jane Azevedo – UFJF
Prof. Dr. Ricardo Moebus – UFOP

Outras informações: (32) 2102-3227 – Programa de Pós-Graduação em Ecologia