Isabela Monken 2 - professora IAD - curso vestindo aromas Foto Divulgação

Isabela Monken: “O olfato, um dos sentidos mais misteriosos para a ciência, com sua linguagem, participa de forma expressiva das nossas decisões, emoções e vivências” (Foto: Divulgação)

Todos os cinco sentidos exercem uma grande influência sobre o modo em que vivemos e sentimos o mundo ao nosso redor. Mas você já parou para refletir sobre a importância do olfato? Já pensou no tanto de história e outros significados que os cheiros que nos cercam carregam?

Essa é a provocação proposta pelo curso de extensão  “Vestindo os aromas – Cultura do perfume de moda e outros acordes”, organizado pelo grupo de pesquisa Interfaces da Moda – Saberes e Discursos, do Instituto de Artes e Design (IAD) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). A professora e coordenadora do grupo, Isabela Monken, instiga esse questionamento: “Somos uma civilização que parece dotada apenas de olhos e ouvidos, visão e audição, os dois sentidos mais privilegiados pelas instâncias da cultura ocidental. No entanto, o olfato, um dos sentidos mais misteriosos para a ciência, com sua linguagem, participa de forma expressiva das nossas decisões, emoções e vivências”.

O curso acontecerá nos próximos dias 25 e 26, das 8h às 12h e das 14h às 18h, na Casa de Cultura (Avenida Barão do Rio Branco 3.372). As inscrições são gratuitas e vão até dia 20. Para se inscrever, é necessário enviar um e-mail para ufjfvestindoaromas@gmail.com, informando nome completo, CPF, telefone e descrição da formação acadêmica ou da área de atuação e esperar a confirmação.

O público participará de 27 palestras que despertarão o interesse por aspectos variados do perfume na sociedade: memórias, narrativas, religião, cinema, moda, direito, música, marketing e, até mesmo, literatura. As palestras serão ministradas por alunos integrantes do grupo de pesquisa, professores do IAD  e de outras unidades e instituições e  por profissionais de diversas áreas, com a intenção de marcar, ainda mais, o caráter multifocal do olfato.  

Apesar de não serem químicos, o grupo aborda as facetas subjetivas do sentido: “Somos interdisciplinares porque, felizmente, não somos especialistas, mas curiosos e precisamos  de outros horizontes para compreendermos mais acerca de nosso objeto. Um detalhe curioso: nesse percurso, os palestrantes, são convidados a expor seu imaginário acerca do tema, assim todos têm de abdicar das certezas para abrigar a fundamentação do desejo e dos caminhos que constituem a experimentação própria do olhar do analista. Aceitamos o desafio de sair do academicismo erudito da Ciência, para entrarmos na cozinha dos sentidos, com seus aromas, desejos, encantos e desafios insuspeitos”, reforça Isabela.

Brasil é líder no consumo de perfumes

De acordo com a professora, a discussão se justifica ainda no contexto brasileiro, já que o país figura na lista dos principais mercados mundiais como líder no consumo de perfumes. As fragrâncias usadas pelos brasileiros têm como objetivo ser uma prolongação do banho, diferente da utilização dos europeus, em que o perfume cumpre a função de impregnar as pessoas com odores marcantes.

Esta é a quinta edição do curso oferecido pelo grupo de pesquisa, como forma de ampliar as discussões internas e convidar o público a integrar os levantamentos. As pesquisas realizadas resultaram no volume 1 do livro “Vestindo os Aromas: Cultura do Perfume, Cultura de Moda e Outros Acordes”, publicado pela Editora UFJF. Atualmente, além do curso, o grupo está organizando o segundo volume, incluindo pesquisadores de áreas diversas, como o professor da da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFJF, Frederico Braida, num caráter híbrido e experimental.

O convite feito ao público é de voltar a pensar sobre a linguagem do olfato, aquela que nos distanciamos desde que nos tornamos eretos: “A linguagem do olfato é tão importante como as demais. No entanto, desde que nos distanciamos do solo, tornando-nos seres eretos, aprendemos a promover, paulatinamente, um esquecimento cultural dos odores. Ainda que seja visto como um sentido químico, emocional e primitivo, o olfato, certamente, merece a nossa atenção na arte, na moda, na cultura e na ciência”, ressalta Isabela. E o que o público pode levar do curso? Segundo ela, “narrativas, cheiros, aromas, encanto, prazer, humanidade, muitas histórias, algumas dúvidas e nenhuma certeza”.

Outras informações: (32) 2101-3350 (Instituto de Artes e Design-UFJF)