“Os estudantes estão saindo do ensino médio com um conhecimento de Matemática igual ao dos estudantes do ensino fundamental.” A afirmação é da mestranda do Programa de Pós-graduação em Gestão e Avaliação da Educação Pública, Tatiane Gonçalves Moraes. Ela estudou dados estatísticos do teste aplicado pelo Sistema de Avaliação do Estado de Goiás (Saego) e identificou que os três anos a mais de escolaridade no ensino médio público não têm contribuído com a formação matemática.

“À medida que o domínio de conhecimentos de Matemática vai aumentando entre os estudantes, os erros processuais — ou erros em manipular algoritmos, por exemplo — diminuem, enquanto que os erros conceituais — associados à compreensão dos conteúdos matemáticos — vão aumentando. Percebemos que tal fato está atrelado ao nível de conhecimento que o aluno adquiriu ao longo do seu período escolar”, explica a pesquisadora.

O Saego foi desenvolvido pelo Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação (CAEd) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). A escolha pelo sistema veio da intenção em usar a análise de dados para estudar um caso representativo do que, na visão de Tatiane, acontece no ensino médio de todo o país.

“Na análise preliminar que deu origem ao que discutimos na dissertação, percebe-se que existe uma considerável distância entre aquilo que os estudantes sabem de Matemática e aquilo que é medido pelos testes nessa etapa escolar. Os alunos não possuem proficiência suficiente para acertar as questões do teste de Matemática que lhes estão sendo aplicadas. Das 35 habilidades da Matriz de Referência utilizada para avaliar esses alunos, 20 delas deveriam começar a se desenvolver no ensino fundamental e 10 já deveriam ter sido consolidadas nesta etapa.”

A professora orientadora da pesquisa, Rosângela Veiga Júlio Ferreira, acredita que a dissertação contribui porque deixa de generalizar a ideia de que os estudantes nada aprendem, para discutir, a origem de erros recorrentes. “A professora percebe que há uma mudança na natureza dos erros cometidos pelos estudantes diante das tarefas apresentadas nos testes em larga escala. Informações assim, se sistematizadas em uma formação de gestores e professores, poderão colaborar com o refinamento de políticas públicas de valorização do ensino médio.”

Para Rosângela, ao estudar um sistema desenvolvido pelo Caed/UFJF, a dissertação, co-orientada pelo professor Luís Antônio Fajardo Pontes, contribui ainda com o trabalho realizado junto aos estados. A mestranda complementa: “Indicamos que as matrizes de referências em Matemática precisam ser urgentemente repensadas, pois não mais representam a identidade do atual ensino médio brasileiro dentro das perspectivas de uma Educação Matemática transformadora.”

Contato:
Tatiane Gonçalves Moraes (mestranda)
tatanemoraes@hotmail.com

Rosângela Veiga Júlio Ferreira
rosangelaveiga.ferreira@ufjf.edu.br

Banca examinadora:
Rosângela Veiga Júlio Ferreira (orientadora – UFJF)
Luís Antônio Fajardo Pontes (co-orientador – UFJF)
Margareth Conceição Pereira (UFJF)
Fernando Gaudereto Lamas (UFJF)
João Assis Dulci (UFMG)

Outras informações: (32) 4009-9319 – Programa de Pós-Graduação em Gestão e Avaliação da Educação Pública