Dissertação de mestrado Saúde

Tamiris Schaeffer Fontoura mostrou que, para desenvolver a pesquisa, dividiu camundongos em quatro grupos (foto: Twin Alvarenga/UFJF)

Mães que consomem uma dieta rica em açúcar e gordura e que são sedentárias podem levar seus filhos e netos a terem problemas metabólicos, de memória e aumentar o nível de ansiedade. A mestranda do Programa de Pós-graduação em Saúde da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Tamiris Schaeffer Fontoura, investigou se uma dieta hipercalórica consumida pela mãe durante toda vida, inclusive a gestação, pode causar danos em seus filhos e até nos netos. A resposta é sim. Durante o desenvolvimento da sua dissertação, a acadêmica fez experiências com ratos de laboratório submetidos a dieta high sugar (com alta quantidade de açúcar) e high fat (com alto teor de gordura).

O estudo avalia a herança epigenética em ratos Wistar, usados para testes laboratoriais. A epigenética é uma herança transgeracional que causa modificações no padrão de produção de proteínas na descendência, sem envolver alteração na sequência do DNA. Com o título “Avaliação transgeracional dos efeitos da dieta hipercalórica sobre o metabolismo e cognição em ratos”, o estudo defende a hipótese de que a alimentação pode gerar alterações epigenéticas na descendência.

Para realizar o estudo, Tamiris dividiu os camundongos em quatro grupos. O primeiro formado por animais que consumiram ração padrão e não realizaram treinamento físico; o segundo por fêmeas que se alimentaram da ração padrão e fizeram exercícios; o terceiro, por ratos que comeram a dieta high sugar e high fat, sem exercício físico e, o último, composto por animais que tiveram dieta hipercalórica, porém se exercitaram.

Os resultados mostram que as fêmeas em gestação que consumiram a dieta hipercalórica e que não fizeram exercícios físicos geraram uma herança epigenética nos filhos e netos, alterando o metabolismo, a memória de longo prazo e os níveis de ansiedade dos animais, tendo efeitos mais nocivos nos filhotes machos. “Já o treinamento físico de intensidade moderada a intensa realizado pela mãe protegeu a descendência, mostrando que o estilo de vida materno modifica a herança epigenética”, explica a mestranda.

Segundo Tamiris, sua pesquisa é a primeira que mostra os efeitos da dieta rica em açúcares e em gorduras saturadas no metabolismo, na memória e ansiedade das gerações. As pesquisas anteriores focavam na desnutrição e em dietas ricas apenas em gordura. “Além de ver o efeito nocivo da dieta high sugar e high fat, também pesquisei o efeito protetor do exercício físico, como uma forma não medicamentosa de se proteger quem se exercita e também as gerações seguintes.”

Para a professora coorientadora, Ana Eliza Andreazzi, o trabalho da mestranda confirmou a hipótese defendida. “Foi um trabalho muito bem sucedido. Esse tipo de herança epigenética também acontece em humanos. O trabalho desenvolvido por nosso grupo reforça a importância do tipo de alimento consumido, bem como, da prática regular de exercícios físicos não só para indivíduo que o pratica, mas, também, para sua descendência”, avalia.

Contato:
Ana Eliza Andreazzi (coorientadora):
anaelizabio@yahoo.com.br

Tamiris Schaeffer Fontoura (mestranda):
tamirisschaeffer@gmail.com

Banca examinadora:
Martha de Oliveira Guerra (orientadora – UFJF)
Ana Eliza Andreazzi (coorientadora – UFJF)
Júlio César de Oliveira (membro externo – UFMT)

Outras informações: (32) 2102-3848 – Programa de Pós-graduação em Saúde