dissertação de mestrado Ciências Biológicas

Ana Paula Dias observou alterações genéticas no modelo estudado (foto: Jade Uchoas/UFJF)

A mestranda Ana Paula da Silva Maza Correa Dias defendeu a dissertação de mestrado “Avaliação do potencial genotóxico de nanopartículas de titanato de bário no modelo Allium cepa.” A pesquisa foi apresentada na última sexta-feira, 17, no do Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas – Genética e Biotecnologia (PPGCBio) da Universidade Federal de Fora (UFJF).

O objeto de estudo foi a capacidade de essas nanopartículas causarem danos ao material genético de um vegetal – Allium cepa, nome científico da cebola. O Titanato de Bário é um óxido tradicionalmente conhecido por ser do tipo semicondutor/ferroelétrico.

Segundo a mestranda Ana Paula Dias, nas condições testadas, foram notadas alterações genéticas no modelo estudado. Ela ressaltou que ainda é cedo para tirar uma conclusão final. No entanto, para a acadêmica, mesmo assim, o trabalho é relevante, pois representa o começo da pesquisa nesse modelo: “como não se tem estudos de nanopartículas de Titanato de Bário no modelo Allium cepa, este trabalho é importante como passo inicial para o teste da nanopartícula em modelo vegetal. Sabe-se que o destino final das nanopartículas, de uma forma geral, é o meio ambiente, desta forma é importante investigar o seu mecanismo de ação. Os resultados obtidos sugerem cautela no uso da nanopartícula.”

Nanopartículas são aplicadas em produtos de uso comum

Segundo o professor orientador da pesquisa, Lyderson Facio Viccini, o ensaio de Allium cepa foi submetido a diferentes concentrações de nanopartículas de Titanato de Bário. “Inicialmente, foram realizados ensaios para o conhecimento do tamanho e características físico-químicas das nanopartículas. Posteriormente, o material estudado foi exposto a diferentes concentrações de nanopartículas por 24 horas e foram realizados ensaios para avaliação de alterações celulares, cromossômicas e do DNA, respectivamente.”  

As nanopartículas de Titanato de Bário são usadas amplamente na indústria de eletrônicos (por serem condutoras de eletricidade) e também na área biomédica (por fazerem carreamento de medicamentos e para estimular a formação de células-tronco). Por isso, explica o professor, é importante conhecer as condições seguras de uso dessas nanopartículas. Segundo o orientador, “as propriedades de qualquer material mudam quando o tamanho reduz-se à níveis nanométricos, podendo ter efeitos nocivos para a saúde. Enquanto os benefícios da nanotecnologia têm sido amplamente publicados, as discussões no Brasil e no mundo sobre os potenciais efeitos adversos estão em fase inicial.”

Próximo passo é verificar atuação em outros tipos celulares

De acordo com a professora co-orientadora, Michele Munk Pereira, a relação do titanato de bário com a regeneração óssea é o que mais interessa aos pesquisadores. “O titanato de bário é um material cerâmico e, no nosso osso, nós temos materiais cerâmicos naturais. Então, essa nanopartícula tem propriedades elétricas que estimulam a formação óssea. Sendo assim, é possível fazer uma prótese usando essas nanopartículas”, ressalta.

Agora, segundo os pesquisadores, o próximo passo é verificar a atuação do composto em outros tipos de célula e com outras concentrações, para notar a ocorrência de alterações genéticas e comprovar quando as nanopartículas são seguras para o uso.

Contato:
Ana Paula da Silva Maza Correa Dias (mestranda)
anapaula.maza@yahoo.com.br

Prof. Dr. Lyderson Facio Viccini (orientador)
lyderson.viccini@ufjf.edu.br

Prof. Dr.ª Michele Munk Pereira (co-orientadora)
michele.munk@ufjf.edu.br

Banca Examinadora:
Lyderson Facio Viccini (UFJF – orientador)
Michele Munk Pereira (UFJF – co-orientadora)
Saulo Marçal de Sousa (UFJF)
Humberto de Mello Brandão (Embrapa)

Outras informações: (32) 2102-3220 – Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas