Estudantes, professores e interessados no tema lotam o anfiteatro da Faculdade de Letras para a discussão sobre o direto à educação e as reformas propostas pelo Governo (Foto: Géssica Leine)
Teve início, nesta quarta-feira, 18, a terceira edição do Seminário Nacional de Gestão e Avaliação em Educação (SNGAE). A mesa de abertura contou com a presença do coordenador geral do Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação (Caed), da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Manuel Fernando Palácios da Cunha e Melo, e da vice-coordenadora do Programa de Pós-graduação Profissional em Gestão e Avaliação da Educação Pública, do Caed, Maria Isabel da Silva Azevedo Alvim.
“Nós temos, nesse coletivo, diretores e profissionais de escolas da educação infantil até o nível superior; portanto, um grande espaço de troca de experiências. O que é mais importante que se construa como experiência coletiva é uma crença cada vez mais forte de que todo brasileiro deve ter direito à educação. O esforço que deve marcar nossa reflexão sobre educação é levar a sério o direito sobre a educação; e isso é algo muito difícil no nosso país. O que esta avaliação faz é dizer para a sociedade o quão eficiente ela é na promoção deste direito fundamental”, afirmou Melo.
Segundo Maria Isabel Alvim, o número de trabalhos recebidos nesta edição superou as expectativas. “Desde 2014, quando foi realizado o primeiro Seminário, recebemos trabalhos de vários estados e regiões brasileiras. Nesta terceira edição, tivemos o triplo de inscrições que o evento comportaria; a seleção foi criteriosa para que se mantivesse o mais justa possível. Isso nos chamou a atenção para a carência de espaços de articulação e discussão de pesquisas e práticas profissionais afins das áreas de gestão e avaliação educacional, o que reforça a relevância e representatividade deste evento”.
Pesquisador da UFMG debate reformas no Ensino Médio
Professor Geraldo Magela Leão, da UFMG, questionou, na conferência de abertura, a ideia de urgência de reforma do ensino médio (Foto: Géssica Leine)
Já a conferência que abriu os trabalhos foi ministrada por Geraldo Magela Pereira Leão, professor do Observatório da Juventude da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Com o tema “Ensino Médio brasileiro: reforma ou construção?”, o colóquio investigou a história deste nível de ensino no Brasil, e promoveu uma análise crítica sobre as reformas propostas pelo atual Governo.
“O debate aberto com as últimas medidas anunciadas pelo Governo Federal em relação ao Ensino Médio revela muitas divergências sobre os rumos que deverá tomar este nível de ensino no país. Diferentes pontos de vista, que partem de interesses e expectativas conflitantes com relação ao tema, dependendo do lugar de onde se fala. Apesar disso, parece haver um consenso construído socialmente, em torno da ideia de que reformar o ensino médio é urgente. De onde nasce tal urgência? Ela tem sido usada como argumento central para a edição da Medida Provisória 746, de 2016. Por que é urgente reformar o ensino médio? Qual contexto deve ser reformado, com quais objetivos? Quem participa deste processo de reforma?, questiona o professor.
Editor do periódico “Educação em Revista”, do Programa de Pós-graduação da UFMG, e autor de diversas obras sobre o assunto, Leão desenvolve pesquisas sobre as temáticas “juventude e processos de escolarização”, “jovens e participação”, e “políticas públicas para a juventude. Para o pesquisador, a história do ensino médio brasileiro “é a expressão, no campo educacional, de uma formação social calcada no privilégio do nome e na meritocracia do berço. Somos filhos de uma tradição onde a frase ‘você sabe com quem está falando?’ ou a imagem do ‘jeitinho brasileiro’ são expressões da naturalização das desigualdades sociais e econômicas. Não é isso que dizem os jovens com relação à sua dificuldade de inserção no mercado de trabalho?”.
O Seminário, que confere certificado aos participantes, é destinado a alunos e ex-alunos do Programa de Pós-Graduação Profissional de Gestão e Avaliação da Educação Pública, organizador do evento, e a alunos de outros programas de pós-graduação de áreas educacionais, de graduação, bem como profissionais e pesquisadores de áreas afins.
Além de estimular a produção acadêmica, o evento conta com conferências e duas mesas redondas, visando dar maior espaço de discussão sobre o tema. A programação e demais informações podem ser consultadas no site do SNGAE. As atividades acontecem até esta sexta-feira, 20, na Faculdade de Letras da UFJF.
Outras informações:
(32) 4009-9326 – PPG em Gestão e Avaliação da Educação Pública (PPGP)